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A última moda entre intelectuais americanos: defender saques

Roubo de lojas arrombadas durante protestos propicia “uma sensação de liberdade e prazer” e os saqueadores habitam um “estado de distorção mítica”

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 10 set 2020, 19h17 - Publicado em 9 set 2020, 07h38

Quando as vitrines das lojas começam a ser quebradas, todo mundo sabe quais os produtos mais procurados: celulares da Apple, bolsas da Gucci e tênis da Nike.

Em grandes cidades desordenadas por protestos violentos, saqueadores de ocasião chegam a encostar os carros na frente das lojas para transportar o botim. Em Nova York, numa cena infame, uma limousine de luxo foi usada assim.

O que os americanos mais incautos não sabiam é que isso não é roubo, mas um ato comparável ao dos colonos americanos que tomaram um navio britânico e jogaram a carga de chá no mar, no protesto histórico contra novas tarifas que está na raiz da Revolução Americana.

Desde o começo desse país, tumultos, saques e retórica violenta são indicadores de patriotismo”, escreveu  Kellie Carter Jackson, professora de Estudos Africanos, na Atlantic, a revista envolvida no caso do que Donald Trump falou ou não sobre militares mortos. A diferença entre colonos rebelando-se contra a matriz colonial do outro lado do Atlântico e oportunistas que aproveitam o quebra-quebra para pegar caixas e mais caixas do tênis de Michael Jordan é evidente no mundo da vida real.

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Mas no planeta chamado mundo acadêmico a moda é defender o indefensável.

A era da esquerda tradicional, que se orgulhava de colocar milhares e milhares de pessoas na rua “sem quebrar uma vitrine”, já passou.

No site Spiked, o professor de sociologia Frank Furedi, um ex-esquerdista que, quando criança, viu os levantes contra o comunismo na Hungria – e vitrines quebradas por explosões dos tanques soviéticos usados contra o povo, mas com os produtos todos no mesmo lugar -, escreveu: “A normalização da violência via reescrever a história não é somente um exercício desinteressado de busca acadêmica. Ao contrário, o objetivo é legitimar os tumultos e saques que estão acontecendo agora”.

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Furedi fez um levantamento de diversas manifestações que buscam a legitimação dos saques. Muitas parecem aquelas aulas de filosofia para iniciantes: “Este lado da classe vai defender a democracia e o outro, a ditadura”.

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A mais abilolada é a de Vicky Osterweil, no livro Em Defesa do Saque – um ato que propicia a sensação de “liberdade e prazer”. “O saqueador, como a maioria das personalidades americanas, existe num estado de distorção mítica. Quando saqueadores emergem de movimentos sociais, a imprensa os retrata como oportunistas e corpos estranhos; quando saqueadores destroem propriedade em resposta à violência policial ou aos horrores silenciosos do capitalismo, são considerados agressores sem lei. É como se o saque não fosse um ato arriscado de calculado”.

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O blá-blá-blá e os chavões  pseudointelectuais são tão repetitivos que despertaram uma dúvida: estaria a autora, agora “legitimada” via entrevistas a veículos importantes, tentando simplesmente pregar uma peça?

A impressão é reforçada pelo fato de que, da última vez em que apareceu em público com ideias “provocadoras”, Vicky Osterweil era homem e tinha uma namorada. Agora, usa nome feminino, cabelo comprido e maquiagem. A persona trans garante que será tratada com reverência no mundo intelectual.

A violência dos protestos desencadeados com a morte de George Floyd está solidamente cravada no centro da campanha pela presidência.

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Donald Trump percebeu a oportunidade oferecida pelos adversários democratas ao não condenarem os abusos ou apoiarem publicamente os manifestantes que agem de forma criminosa.

A bandeira mais importante dos organizadores dos protestos passou a ser a extinção das forças policiais, uma proposta que faz sucesso nos meios de esquerda e horroriza o resto do país, favorecendo Trump como o defensor da lei e da ordem.

A tática da campanha de Joe Biden, até agora, é culpar Trump por tudo de ruim que acontece do país ou talvez em toda a galáxia. 

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O candidato já falou que é “contra todo tipo de violência”, uma declaração anêmica para quem precisa disputar com Trump o “voto do subúrbio”, os condomínios onde mora a classe média americana, no entorno das grandes cidades.

Em entrevista à CNN – o canal que os qualificou protestos “ardorosos mas majoritariamente pacíficos”, enquanto as cenas mostravam lojas incendiadas – a mãe de Jacob Blake, o homem acusado de agressão sexual que ficou paraplégico ao levar sete tiros de um policial -, a mãe dele, Julia Jackson, demonstrou um equilíbrio inexistente entre os “marxistas de cátedra” das universidades.

Instada de todas a maneiras a criticar Trump, ela se dirigiu diretamente a ele: “Não tenho raiva do senhor de modo algum. Tenho o maior respeito pelo senhor como líder do nosso país”.

Sobre a violência em Kenosha, disse: “Minha família e eu estamos sentidos e, francamente, enojados. Não ateiem fogo em propriedades e provoquem destruição e derrubem suas próprias casas em nome do meu filho. Usar nossa tragédia para reagir desse modo é inaceitável”.

Uma mulher simples como Julia Jackson, guiada pela fé religiosa e bons princípios éticos, teria muito a ensinar a elites que comemoram saques como atos de insurgência anticapitalista.

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