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Por Vilma Gryzinski
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A América em chamas: uma perigosa emergência nacional

A explosão de protestos violentos sacode as estruturas - e poucos têm coragem de clamar pela estabilização num momento grave para todo o país

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 18h53 - Publicado em 31 Maio 2020, 12h07

“Isso não é mais protesto, é destruição”.

Palavras do prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, ao pedir a intervenção da Guarda Nacional.

Demorou seis dias para uma autoridade do Partido Democrata admitir a verdade nua e crua.

O pavor de parecer não endossar a legítima revolta pela morte de George Floyd está calando os líderes que teriam influência. Acabam, pelo silêncio, apoiando o caos e a destruição propagados pelos manifestantes ilegítimos, adeptos do quanto pior, melhor.

Como já vimos acontecer no Brasil e, mais recentemente, no Chile, os protestos violentos que engolfaram os Estados Unidos têm várias camadas de participantes.

A primeira é formada por jovens, negros e brancos, revoltados pela chocante morte, filmada em detalhes, inclusive o olhar desafiador, quase sádico, do policial Derek Chauvin enquanto pressionava o joelho no pescoço de Floyd.

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Na segunda camada, estão os que saem para protestar e, diante da ausência ou impotência das forças policiais, aproveitam para saquear.

A roubalheira foi desde pequenas lojas situadas em Minneapolis, o foco dos protestos, até os shoppings de luxo. O bando que invadiu uma loja Louis Vuitton e saiu carregando bolsas de luxo não parecia exatamente preocupado com questões raciais.

No terceiro círculo, estão os baderneiros profissionais, os que se vestem de preto, mochila nas costas, e incitam os ataques a lugares simbólicos: bancos, revendedoras de carros, prédios institucionais.

Nos Estados Unidos, são conhecidos como antifas, a vertente americana do movimento anarquista que surgiu na Europa e faz sucesso em vários países. O modo de agir e a horizontalidade são os mesmos dos Black Blocs.

O governador de Minnesota, Tim Waltz, levantou uma outra hipótese, muito provavelmente resultante do desespero e da cegueira política.

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“Estamos vendo formas bem sofisticadas de direcionar os protestos”, disse o político democrata, com razão.

Mas a conclusão dele foi de arrepiar: haveria supremacistas brancos infiltrados, além de cartéis de traficantes, interessados em “restaurar seus mercados para drogas”.

O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, culpado de liberar os protestos iniciais, inclusive mandando a polícia deixar uma delegacia em seguida tomada e incendiada pela turba, garantiu que “as pessoas fazendo isso não são daqui”.

A lista de detidos – pequena – indica o contrário: 80% eram de Minneapolis ou de sua cidade gêmea, St. Paul.

Embora seja perfeitamente possível que os agitadores mais escolados escapem da repressão, quase inexistente nos primeiros dias.

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O desespero dos políticos é compreensível. Os Estados Unidos estão vivendo uma emergência nacional, com dimensões e volatilidade apavorantes.

O ódio a Donald Trump é um dos fatores que distinguem a crise atual de outras explosões de violência motivadas pela questão racial.

Outro: a pandemia de coronavírus continua a ter vários focos importantes – e não existe aglomeração mais densa do que a vista nos últimos dias nas principais cidades do país.

Como corolário da pandemia, o desemprego bateu em mais de 40 milhões de pessoas. A destruição maciça de comércios de todos os tipos acrescenta mais um fator de insegurança.

O que poderia contribuir para desativar a emergência gravíssima?

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A retomada do controle das ruas traz riscos inerentes conhecidos por todos: se a repressão for muito pesada, alimenta o ciclo de protestos; se for insuficiente, também.

Encontrar o equilíbrio é mais difícil ainda considerando-se a extensão do quebra-quebra. As instituições, inclusive forças policiais, funcionam de formas diferentes, dependendo dos estados e municípios.

A união de todos os líderes responsáveis, inclusive o ex-presidente Barack Obama e personalidades respeitadas pelas comunidades negras, seria um fator importante para tentar apaziguar o país em surto.

A essa altura, a crise já descolou do caso George Floyd. Aconteça o que acontecer com o caso na Justiça, nada aplacará os ânimos.

E o que vai acontecer está em aberto, considerando-se que os resultados da autópsia não derem como causa da morte asfixia ou sufocamento. Segundo o laudo, Floyd tinha condições pré-existentes, “inclusive doença coronária”.

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A morte decorreu dos “efeitos combinados” da ação policial, dessas condições de saúde e de “potenciais substâncias intoxicantes”.

O balconista que chamou a polícia quando Floyd tentou comprar cigarros com uma nota falsificada de 20 dólares disse que ele estava “terrivelmente bêbado”.

É claro que qualquer coisa que, mesmo remotamente, atenue a situação dos quatro ex-policiais, expulsos logo que apareceu o vídeo com as cenas terríveis, será recebida com revolta.

A América está em chamas e ninguém, no momento, parece capaz de restaurar a calma.

Esperar que os protestos percam o fôlego, como é comum, não parece uma opção.

Colocar a Guarda Nacional e até o Exército nas ruas, como já aconteceu antes, teria que ser uma operação à prova de erros – quase sempre inevitáveis nessas circunstâncias.

Qualquer coisa que Trump diga ou faça, evidentemente, só vai piorar as coisas.

Como e quem pode apaziguar a maior potência do planeta?

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