Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

Wilson Witzel e a apuração de desvios na pandemia: Cabral 2?

Operação da PF precisa ser técnica e apurar se há responsabilidade do governador, assim como no caso sobre a interferência política de Bolsonaro no órgão

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jun 2020, 15h40 - Publicado em 26 Maio 2020, 10h23

Eleito com a bandeira de combate à corrupção para o cargo de governador do Rio de Janeiro, o ex-juiz federal Wilson Witzel tinha entre os seus lemas de campanha a “limpeza da política” para se contrapor especialmente a um de seus antecessores: Sérgio Cabral, condenado a 280 anos de prisão. Dezessete meses depois, investigadores começam a se perguntar se estão diante de um novo político corrupto à frente do estado.

Ainda é preciso aguardar o resultado das investigações, que estão no início das apurações, mas a ida de delegados e agentes da PF no Palácio da Guanabara trinca indiscutivelmente a imagem do governador Witzel como defensor intransigente do combate à corrupção, até como ex-magistrado que atuou em varas criminais.

O Rio de Janeiro tem uma corrupção quase endêmica. E isso não é retórica ou exagero para impressionar os leitores. São cinco ex-governadores presos nos últimos anos: além do próprio Cabral, Moreira Franco, Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho estiveram atrás das grades em algum momento da conturbada história política do Rio. Também ja foram presos ex-presidentes da assembleia estadual, alguns deputados e todo o Tribunal de Contas do Estado.

Batizada de Placebo, a operação no coração do governo Witzel, que chegou ao ponto de realizar buscas nesta terça-feira, 26, no Palácio da Guanabara, investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo uma importante Organização Social (OS), contratada para a instalação de hospitais de campanha em meio à pandemia do coronavírus.

Continua após a publicidade

Aberto após pedido da Procuradoria-Geral da República ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o inquérito investiga gastos de R$ 1 bilhão na construção desses hospitais, que não têm funcionado na mais grave crise sanitária do nosso tempo. Os valores dos contratos sem licitação incluem compra de respiradores, máscaras e testes rápidos. A maior parte do dinheiro, cerca de R$ 836 milhões, foi destinada à OS.

ASSINE VEJA

Coronavírus: ninguém está imune Como a pandemia afeta crianças e adolescentes, a delação que ameaça Witzel e mais. Leia na edição da semana ()
Clique e Assine

E aí surge mais uma triste coincidência que traz arrepios à sociedade carioca. As buscas no escritório onde trabalha a primeira-dama, a advogada Helena Witzel, como informou o Radar, trazem a imediata lembrança de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, condenada, presa e que hoje cumpre pena domiciliar. O escritório de Helena Witzel teria ligações profissionais com a OS investigada pela Placebo.

As suspeitas do envolvimento de Witzel, um dos principais desafetos do presidente Bolsonaro, no escândalo apurado pela Operação geram, por outro lado, um tipo grave de questionamento: a politização da PF, fato que demonstra o grau de instabilidade institucional que vivemos hoje no Brasil, com a ameaça de credibilidade das instituições.

Continua após a publicidade

Nesta segunda, 25, o delegado Tácio Muzzi assumiu a superintendência da PF no Rio. Seria uma mudança usual, não fosse o fato de que o cargo está no centro de uma investigação de tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro, que demonstrou ter verdadeira obsessão pela chefia da PF no Rio, seu berço político. 

O caso da tentativa de intervenção na Polícia Federal gerou a imediata demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo e, finalmente, a troca do superintendente da PF no Rio, um dia antes da operação contra o governador carioca.

Ou seja, o contexto da operação contra Witzel é ruim porque ocorre em meio a todos os temores de intromissão política na PF. Isso sem contar a escalada dos ataques do presidente aos governadores, particularmente o do Rio, chamado de “estrume” por Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril. Soma-se a isso o fato de que a ação policial foi antecipada pela deputada Carla Zambelli, aliada de primeira hora de Bolsonaro e que vive no Palácio do Planalto.

Os indícios da investigação contra o governo Witzel, comandada não só pela PF, mas também pela Polícia Civil do Estado, são graves. Mas também é preocupante o contexto político que produz descrédito e desconfiança em instituições e em agências do estado, como a própria PF. Para o bem do país, é preciso que as duas apurações sejam feitas de forma independente e técnica, sob risco de a própria luta contra a corrupção ficar prejudicada pelo descrédito das instituições.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.