Número 2 da PF diz que há investigação sobre porteiro de Bolsonaro no RJ
Em depoimento, delegado afirma que apuração sobre declarações de funcionário do condomínio do presidente está em sigilo. Bolsonaro é vítima neste caso
Ex-superintendente da PF no Rio e, agora, diretor-executivo da PF, o delegado Carlos Henrique Oliveira de Sousa afirmou em depoimento que a investigação sobre as declarações do porteiro do condomínio do presidente Jair Bolsonaro ainda está em curso no órgão e é sigilosa. É o que informam à coluna fontes com acesso ao caso.
Ou seja: existe uma investigação relacionada à família Bolsonaro em andamento na PF do Rio, mesmo que seja para investigar se o porteiro mentiu em depoimento prestado nas investigações do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. Bolsonaro já reclamou mais de uma vez afirmando para a imprensa que não existe investigação sobre ele ou a sua família em solo carioca.
O porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro e o suspeito do crime Ronnie Lessa tem casa, declarou à polícia que no dia do crime, em 14 de março de 2018, um dos suspeitos, Élcio de Queiroz, obteve autorização de “seu Jair” para entrar no condomínio. A história não era verídica porque o presidente, à época deputado, estava fora do Rio. Após isso, foi aberto um inquérito para apurar “todas as circunstâncias” da citação do nome do presidente Bolsonaro.
No depoimento prestado nesta quarta-feira, 13, no âmbito da investigação que apura se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF, Carlos Henrique Oliveira de Sousa afirmou ainda que o colega delegado Ricardo Saadi não tinha nenhum problema de desempenho para ser trocado do cargo.
Carlos Henrique Oliveira de Sousa foi escolhido no ano passado pelo então diretor-geral da PF Maurício Valeixo e teve o aval do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Ele foi nomeado para comandar o órgão no estado após o seu antecessor, justamente Saadi, ser criticado publicamente por Bolsonaro.
Em agosto do ano passado, o presidente afirmou que gostaria de trocar Saadi por “questões de produtividade” e sugeriu o nome de um terceiro delegado, Alexandre Saraiva, para o posto. Maurício Valeixo e Sérgio Moro não cederam e mantiveram a nomeação Carlos Henrique Sousa, pois isso já havia sido acertado internamente.