Forças federais saem de terra indígena no auge de conflito com garimpeiros
Polícia Federal e Força Nacional fizeram operação de combate ao garimpo, mas saíram antes do fim dos ataques
Os indígenas que vivem na região de Jacareacanga, no sudoeste do Pará, vivem uma escalada de violência em suas terras com ataques de garimpeiros e, agora, sem nenhuma proteção das forças de segurança.
Nesta quinta, 27, a Polícia Federal e a Força Nacional, que estavam na região em operação de combate ao garimpo, se retiraram no auge da tensão.
Lideranças que conversaram com a coluna afirmam que Jacareacanga vive um cenário de guerra. Na quarta, 26, criminosos incendiaram as casas da líder Munduruku Maria Leusa Kaba e de sua mãe. Maria Leusa é uma das lideranças que tenta combater a mineração ilegal na região.
A presença da Polícia Federal na região fazia parte da Operação Mundurukânia, ligada ao combate da prática clandestina de garimpos nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza. A informação sobre a operação vazou e garimpeiros se organizaram para tentar evitar a ação das forças de segurança.
O clima de tensão motivou o Ministério Público Federal (MPF) a enviar ofícios para autoridades federais e estaduais pedindo reforço na segurança pública da região.
Nos documentos, o MPF solicita “especificamente às forças vinculadas à União que, em prazo máximo de dez horas, proveja e mantenha, seja por conduto das Forças Armadas ou Força Nacional, efetivo armado – dispondo de quantitativo e subsídios materiais suficientes – para garantir a segurança do povo Munduruku e impedir nova invasão das terras indígenas Munduruku e Sai Cinza”.