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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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E agora, Bolsonaro e Ernesto? Como vocês tratarão a China?

Grosserias e maus-tratos à China explicam a retaliação. País asiático demora a liberar insumos fundamentais para produzir vacinas 

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jan 2021, 08h45 - Publicado em 21 jan 2021, 08h35

Um dia a conta chega. Já se imaginava que a ideologia destrutiva e desagregadora do presidente Jair Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo geraria péssimos frutos para o Brasil. Só não se sabia que seria no pior momento que o país vive, mesmo se comparado às últimas décadas.

Em agosto do ano passado, a coluna apontava o risco de se atacar de forma tão virulenta a China, a galinha dos ovos de ouro do Brasil. O país asiático salvou a balança comercial em 2020, no primeiro ano da pandemia, mas foi alvo de inúmeros disparos hostis da política externa brasileira. De forma soberba, a diplomacia de Bolsonaro dizia que eles sempre teriam que comprar de nós porque somos o país mais competitivo no agronegócio. 

O que não se esperava era necessitar tanto de um produto chinês. Agora não diz respeito apenas à economia. Trata-se de algo bem mais precioso: a vida das pessoas. Dos brasileiros. Os insumos do país asiático são fundamentais para produzir a vacina contra a Covid-19. A sigla mágica hoje é IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), o princípio ativo da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. 

A ausência dessa matéria-prima impede a fabricação de novas doses do imunizante. O IFA da vacina da Oxford/Astrazeneca também é produzido lá. Porém, os entraves diplomáticos que começaram com o governo Bolsonaro estão dificultando a liberação da importação a ser feita pelo Brasil.

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O ditado popular diz que vingança é um prato que se come frio. A China, que tem cultura milenar, sabe esperar. Motivos para ela dar o troco no Brasil não faltam. Afinal, a diplomacia brasileira há algum tempo deixou seu tradicional tom amistoso para dar lugar à agressividade. O Brasil já viu Jair Bolsonaro dizer que a China estava comprando o Brasil, e não do Brasil. E pior: dizer que não compraria a Coronavac pela “sua origem”.

Já testemunhou o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, culpar a China pela pandemia, apelidando o coronavírus de “comunavírus” e fazendo uma referência de que essa seria uma estratégia chinesa para implantar a ideologia comunista mundo afora.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho Zero Três do presidente, seguiu o mesmo caminho ao publicar em seu Twitter: “A culpa da pandemia de Coronavírus tem  nome e sobrenome. É o Partido Comunista Chinês”. Além disso, acusou o país de espionagem na discussão da tecnologia 5G.

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Na lista das várias ofensas à China, há ainda o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que insinuou que a China poderia se beneficiar da crise mundial provocada pela pandemia. Após publicar em seu Twitter, ele apagou os textos.

Essas declarações provocaram reações na Embaixada da China, que exigiu retratação do governo brasileiro. Num dos muitos ataques do deputado Bolsonaro, o embaixador Yang Wanming respondeu pelo Twitter, e foi repreendido por Ernesto Araújo, que queria com isso bajular o filho do presidente.

Não é de se espantar agora que a China esteja travando a liberação de importações desses insumos. Falar em vingança pode soar como algo pesado.  Mas o que está acontecendo, segundo especialistas em politica externa, é retaliação. O país asiático não dirá publicamente, mas está alegando problemas burocráticos. 

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A China está mostrando ao governo brasileiro porque não se deve destratar um parceiro, muito menos quem tem fundamental importância na economia mundial. O problema é que o preço dos erros do governo Bolsonaro está sendo pago pelos brasileiros em geral.

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