As estratégias dos dois lados no duelo da CPI
Cada lado prepara o seu foco e o roteiro dos trabalhos que começa nesta terça, 27. O governo procura munição
A semana será dominada pela CPI da Covid-19 e já começa quente. O fim de semana foi de articulações nos dois lados. Curioso é que tanto os governistas quanto o grupo dos sete, onde há oposicionistas e independentes, querem convocar o ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten para explicar a sua entrevista à VEJA.
Ouvido pela Globonews, no domingo à noite, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), governista, disse que vai convocá-lo. O senador Humberto Costa (PT-PE) também afirmou, no mesmo programa, que quer uma possível acareação do ex-secretário com o ex-ministro Pazuello.
Nesta terça-feira, 27, a CPI será instalada e a intenção do grupo majoritário é eleger o presidente, o relator, e já fazer uma sessão no mesmo dia. Eles não querem perder tempo. E como disse Humberto Costa, na entrevista, “o foco é o presidente e as ações e omissões do governo federal”.
A estratégia dos governistas será criar vários fatos que atrapalhem e que dispersem o foco. Girão deve lançar sua candidatura à presidente, apesar de ser claro que quem tem votos para alcançar o cargo é o senador Omar Aziz (PSD-AM). Depois, os governistas levantarão vários casos de problemas investigados nos Estados para tirar o foco sobre o governo federal. E, claro, já se sabe, vão tentar levantar questão de ordem arguindo a suspeição de Renan Calheiros na relatoria.
A gestão Bolsonaro já mandou a lista de 23 pontos para serem respondidos pelos Ministérios, tentando ter munição para dar aos quatro governistas que estão na comissão como titulares. A maioria antigoverno, no entanto, vai seguir em grande parte o roteiro prévio preparado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ele é suplente na CPI, mas deve ter bastante influência.
Esta segunda-feira, 26, será de reuniões dos dois lados para preparar suas armas. Os próximos noventa dias prometem. O temor do presidente Jair Bolsonaro em relação ao desenrolar da CPI está claro no telefonema que deu ao governador Renan Filho, de Alagoas, tentando criar uma ponte com o provável relator da CPI que será Renan Calheiros.