Aras fica num beco sem saída na briga dos militares contra Gilmar
Se PGR der seguimento à ação contra ministro do STF com base na Lei de Segurança Nacional ficará mal com tribunal, se arquivar vai irritar os militares
Os termos da representação do Ministério da Defesa contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), põe o procurador-geral da República, Augusto Aras, numa situação difícil, sem uma saída confortável. Se ele acata a representação e inicia a ação contra Gilmar Mendes com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), ele estará aprofundando a crise no país. Se ele simplesmente arquiva, que é considerado o mais provável, Aras estará desagradando os militares e o presidente Jair Bolsonaro.
Neste fim de semana, Mendes fez duras críticas à condução da política do governo de combate à pandemia do coronavírus e afirmou que o Exército se associou a um genocídio, em referência à atuação de militares no Ministério da Saúde. “Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”, afirmou Gilmar Mendes.
O presidente Bolsonaro, aliás, está em um silêncio conveniente. Ele deixa os militares escalarem contra o ministro Gilmar Mendes, permanecendo calado. Assim, parece estar evitando agravar um novo capítulo da crise institucional entre os poderes. Parece neutro. Mas é claramente o principal responsável, já que militarizou o governo como um todo, e em especial o Ministério da Saúde. A questão é que, desde a prisão de Fabrício Queiroz, Bolsonaro preferiu ficar quieto para não prejudicar o senador Flávio Bolsonaro.