Em meio a estiagem, dispara o consumo de água da Presidência da República
Gastos na residência oficial de Bolsonaro, Granja do Torto e Palácio do Planalto estão na contramão da economia esperada na pior seca registrada no país
Enquanto 40% do território brasileiro sofre em algum grau a pior estiagem que se tem notícia em mais de um século e o país vive risco de apagão em razão do baixo nível dos seus reservatórios, como mostra reportagem de VEJA desta semana, a recomendação de autoridades é uma só: fechar a torneira e economizar. Apesar de óbvia, a instrução para diminuir o consumo de água não tem surtido muito efeito no Palácio do Planalto.
De acordo com dados do próprio governo, o consumo de água saltou de 5,3 milhões de litros em fevereiro para 10,4 milhões de litros em julho em todos os prédios vinculados à Presidência da República, entre eles os palácios do Planalto e da Alvorada e a Granja do Torto — justamente no período em que as chuvas tornaram-se mais raras.
Muito embora o consumo de água do estafe presidencial já tenha sido maior em 2019, desde outubro daquele ano não se ultrapassava a barreira dos 10 milhões de litros — e o Brasil não vivia um período de seca tão dramática quanto agora. De janeiro a julho, o governo federal já gastou 1,64 milhão de reais no fornecimento de água (em julho, a conta ultrapassou os 300 mil reais).
Se o uso consciente da água não tem sido exemplar nos prédios do Poder Executivo, o consumo de energia elétrica no inverno, tradicionalmente mais alto nesta época do ano, está em queda. Os palácios presidenciais e seus anexos gastaram 788 mil kWh de eletricidade no mês de julho — o segundo menor valor desde janeiro. Até agora, já foram gastos 4,4 milhões de reais com a conta de luz.
Procurada, a Secretaria-Geral da Presidência da República respondeu por meio de nota: “A melhora no cenário epidemiológico da pandemia e o consequente retorno gradual dos servidores ao regime de trabalho presencial têm gerado relativo aumento no consumo de água. Ainda assim, cabe destacar, que o consumo registrado em julho/21 permanece dentro dos padrões dos mesmos meses dos anos anteriores da série histórica, iniciada em 2017”.