Bolsonaro ama SC, mas o estado quer mais que demonstração de amor
Unidade da federação já recebeu dez visitas do presidente, mas reclama por ser a 5ª que mais arrecada impostos federais e a 15ª em recebimento de repasses
Hoje o principal reduto do bolsonarismo — como mostra reportagem publicada na edição nº 2576 de VEJA —, Santa Catarina está longe de ser uma prioridade do Palácio do Planalto no orçamento federal. Neste ano, o estado é a quinta unidade da federação que mais contribuiu com a arrecadação de impostos (53,9 bilhões de reais), mas apenas a 15ª no recebimento de repasses federais (7,4 bilhões de reais, a maior parte constituída de verbas de transferências obrigatórias).
Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro já foi dez vezes ao estado, metade delas neste ano, como nos passeios de moto que promoveu em Florianópolis e Chapecó. A bancada do estado se queixa, porém, de que as visitas frequentes não têm se convertido em benefícios. “Somos injustiçados e muitas vezes o governo federal não nos olha com o zelo que merecemos”, afirma o senador Jorginho Mello (PL-SC), um dos mais ferrenhos defensores do Planalto no Congresso.
“Se fôssemos um país, com 8 milhões de habitantes, nós teríamos nossos problemas resolvidos. A participação que Santa Catarina dá ao governo federal é infinitamente superior ao que o estado recebe em retorno”, disse o senador Dário Berger (MDB-SC), presidente da Comissão de Infraestrutura na assinatura de um acordo, ao lado do governador Carlos Moisés, em que o governo estadual vai desembolsar 465 milhões de reais para destravar obras de quatro rodovias sob responsabilidade federal.
A reportagem de VEJA desta semana mostra que a chiadeira dos catarinenses em relação aos poucos resultados práticos das frequentes viagens presidenciais ao estado pode não ser o único problema de Bolsonaro — boa parte dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal pela organização de atos antidemocráticos no dia 7 de setembro é do estado, como os caminhoneiros Zé Trovão e Chico Caminhoneiro.