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Por José Benedito da Silva
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Blogueiro bolsonarista ganhou protagonismo e dinheiro nos EUA, diz Moraes

Allan dos Santos se associou a pessoas que invadiram o Capitólio, aponta investigação, que levanta a suspeita de 'rachadinha virtual' para bancar fake news

Por Reynaldo Turollo Jr. Atualizado em 21 out 2021, 17h45 - Publicado em 21 out 2021, 17h29

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que teve prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, aumentou o seu “protagonismo dentro da organização criminosa investigada, com arrecadação de dinheiro e propagação ampla de ataques ao Estado Democrático de Direito”, desde que se mudou para os Estados Unidos, em meados de 2020. Em solo americano, Santos também “se associou a pessoas ligadas aos violentos atos criminosos que ocorreram em Washington D.C., no prédio do Capitólio, que buscavam contestar o resultado das democráticas eleições americanas”, de acordo com a decisão do ministro.

Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal, que investiga Santos no inquérito que apura a existência de uma milícia digital voltada a promover ataques às instituições democráticas. Ele também é alvo do inquérito das fake news, aberto para investigar ataques aos integrantes do Supremo. A PF afirmou ao ministro que as medidas já adotadas contra o blogueiro – que sofreu busca e apreensão e teve seus canais suspensos – não estavam sendo suficientes para que ele parasse de delinquir e para garantir que ele não escaparia do processo.

Ainda segundo a corporação, foi identificada articulação de Santos “com pessoas diretamente envolvidas na invasão ao Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021, inclusive utilizando o canal de Jonathon Owen Shroyer (processado por participar dessa invasão) para reiterar e reverberar, dessa vez em solo americano, a difusão de teorias conspiratórias voltadas a desacreditar sistema eleitoral brasileiro, instituições e/ou pessoas”.

O ministro justificou a prisão preventiva afirmando ser “a única medida apta a garantir a ordem pública, eis que o investigado continua a incorrer nas mesmas condutas investigadas, ou seja, permanece a divulgar conteúdo criminoso, por meio de redes sociais, com objetivo de atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização; gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos poderes da república, além de outros crimes, e com a finalidade principal de arrecadar valores”.

‘Rachadinha virtual’

Moraes determinou também o bloqueio das contas bancárias de Santos e de duas empresas ligadas a ele, e proibiu qualquer remessa de dinheiro ao investigado. “Os indícios coletados pela Polícia Federal revelam a necessidade de bloqueio de contas bancárias e de remessas de dinheiro que possam financiar a organização criminosa, eis que o próprio investigado já se manifestou contraditoriamente sobre os repasses que recebe, o que pode indicar, inclusive, eventual intenção de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”, escreveu o ministro.

Chama a atenção na investigação dados que mostram que, de 13 de abril a 13 de maio de 2020, por exemplo, houve 1.581 doações diretas de supostos seguidores para o canal Terça Livre, pertencente a Allan dos Santos, dos quais 649 não têm CPF informado. Uma pessoa identificada como Raul Nagel fez 27 “apoios” (doações), num total de 40.350 reais. Outro doador, identificado como Giuliano Carvalho de Oliveira, fez 31 doações que totalizaram 15.500 reais. Um terceiro, identificado como Christiano Cavalcante, fez três doações que chegaram a 15.000 reais. Segundo a PF, todos esses “apoiadores” são servidores públicos.

Como VEJA noticiou no mês passado, uma das suspeitas das autoridades que investigam a máquina de desinformação, seja nos inquéritos em curso no Supremo ou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é que servidores públicos ligados a políticos estejam “doando” parte dos seus salários para canais previamente acertados, numa espécie de “rachadinha virtual”. A decisão de Moraes sobre Allan dos Santos expõe, pela primeira vez publicamente, essa suspeita. As doações diretas para canais que produzem e disseminam fake news são, hoje, a principal preocupação dos investigadores no tocante ao financiamento de supostos esquemas criminosos, pois é difícil rastrear a origem das transações.

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