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Nódulos tireoidianos: respeito é bom e eles gostam

Possuir um nódulo é sinônimo de temor para a maioria das pessoas. Felizmente, menos de 10% dos nódulos tireoidianos são malignos

Por Antonio Carlos do Nascimento
Atualizado em 19 set 2017, 15h00 - Publicado em 19 set 2017, 15h00

Possuir um nódulo, seja na gordura subcutânea, fígado, hipófise, tireoide ou qualquer outra localização, impõe um óbvio temor. Nem importa se o diagnóstico foi sugerido em uma palpação ou assegurado por um exame de imagem. Vem-nos à mente histórias de toda a sorte e ninguém dorme em paz até que as dúvidas sobre o pequeno caroço suspeito sejam elucidadas.

Portadores de nódulos de tireoide não fogem à regra e diariamente endocrinologistas recebem os preocupados pacientes, encaminhados por outras especialidades, no mais das vezes, com seus ultra-sons a tiracolo e todas as incertezas do mundo.

Risco aumentado

Indivíduos com doença auto-imune da tireoide, assim como aqueles que habitam regiões com carência de iodo, são mais propensos a desenvolverem tais nódulos, contudo, na maior parte das vezes não sabemos quais as causas. Temos certeza de sua alta prevalência e é sabido que aos 60 anos de idade perto da metade das pessoas possuem ao menos uma nodulação tireoidiana.

Alguns chavões marcaram a evolução dos estudos neste campo, lembro-me bem que, por muitos anos, se em um concurso médico ocorresse uma questão apresentando paciente do sexo masculino com nódulo único de tireoide, a única resposta possível para o acerto era: cirurgia de tireoide.

Ainda é verdade que ser do sexo masculino é um critério sugestivo para uma maior suspeita, porém, existe uma dezena de outros parâmetros que carregam mais inquietude quando estão presentes, tais como nódulos muito firmes, fixos, com pouca mobilidade ou rouquidão associada.

Outro bordão utilizado com pacientes por alguns médicos quando existe a confirmação do câncer tireoidiano (principalmente em sua variante mais comum, o CA papilífero), na tentativa de passar tranquilidade, é que o tumor é tão simples que se ele mesmo tivesse que escolher uma patologia maligna, escolheria a tireoide como reduto. De fato, o índice de cura após cirurgia e tratamento com radioiodo é muito alto, mas, a desobediência aos protocolos e evoluções erráticas não raro frustram o resultado. Além do quê, não nos esqueçamos do necessário: o “diagnóstico”

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Separar o joio do trigo

Menos de 10% dos nódulos tireoidianos são malignos, contudo, separar o joio do trigo nem sempre é simples. Parâmetros clínicos podem sugerir maior empenho na investigação, mas são ultrassonográficos os mais utilizados e importantes para o balizamento de riscos de malignidade. A partir dos achados deste exame interpretamos o contexto para encaminhar ou não o paciente para a biópsia de um ou mais nódulos.

Exames diganósticos

A biópsia por punção aspirativa por agulha fina (Paaf) guiada por ultrassonografia é o exame padrão utilizado para concluir o diagnóstico das situações suspeitas e em até 80% dos casos garante a benignidade, ainda que o seguimento a médio e longo prazo desminta de 2% a 3 % destes resultados.

Perto de 5% das Paaf asseguram a malignidade, enquanto em até 20% o resultado é indeterminado. É nesse percentual aproximado de 20% de incerteza diagnóstica com a Paaf que os endocrinologistas e cirurgiões de cabeça e pescoço se debruçam na tentativa de evitar cirurgias desnecessárias.

O seguimento ultrassonográfico é imperativo naqueles sem indicação de biópsia e também para aqueles puncionados e sem indicação cirúrgica em um primeiro momento. Este exame pode surpreender um nódulo modificando suas características, demonstrando rápido crescimento, perdendo a nitidez em seus limites ou apresentando excesso de fluxo sanguíneo para a sua região central, o que trará necessidade de Paaf.

Um caminho muito promissor para dirimir tais dúvidas é a pesquisa de marcadores tumorais nesses materiais de biópsia, porém, ainda aguardamos testes de maior precisão.

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Se você é portador de nódulo tireoidiano não perca o humor, pois a probabilidade de malignidade é menor que 10%. Por outro lado, a perspectiva de que você venha a operar desnecessariamente pode chegar a 20% ou mais.

O melhor caminho é submeter-se a uma avaliação especializada, fugindo assim de aprendizados estereotipados, protegendo não a seu nódulo, mas, a sua vida.

 

(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)

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