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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Somos negros, sim

É preciso mudar a consciência e celebrar a negritude que constitui o brasileiro e se manterá eternamente parte integrante de cada um de nós

Por José Vicente Atualizado em 19 nov 2020, 11h18 - Publicado em 19 nov 2020, 11h16

Foi com os negros que o Brasil aprendeu e praticou os rudimentos dos valores da liberdade e igualdade. Foi com os negros que o Brasil iniciou os alicerces da construção de uma sociedade livre do poder despótico do absolutismo e livre da supremacia de um indivíduo sobre o outro. Fosse pelo nascimento, sexo, origem, orientação religiosa e, fosse, sobretudo, pela raça e cor da pele.

Nem bem desembarcaram no solo brasileiro da colonização, os negros já tinham empunhado a bandeira da luta contra a subjugação e já tinham transformado o território dos quilombos na primeira experiência de uma sociedade alternativa subordinada aos valores imemoriais da liberdade, igualdade, fraternidade e autonomia do indivíduo.

O negro Zumbi dos Palmares, general mais vistoso dessa extraordinária epopéia, e os milhares de quilombos espalhados pelo país são testemunhos vivos da verdade, intensidade e perenidade dessa luta. É, também, a memória viva de quanto todos nós brasileiros somos devedores de uma atitude de coragem e atitude frente a esse inestimável legado da luta e resistência do negro brasileiro.

Como sempre atestou a história, nunca foi da postura dos que nos antecederam, qualquer tipo de concessão com a opressão, à injustiça e o tratamento desigualitário e desumano.

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Pelo contrário, a luta, a resistência, a interação, a solidariedade e a convivência foi o que marcou e o que cristalizou na gênese do brasileiro sua condição de indivíduo multirracial e multicultural.

Em honra e homenagem aos milhares de brasileiros negros que nos legaram uma pátria de homens livres, esse precisa ser o compromisso dos brasileiros do nosso tempo. Essa precisa continuar a ser a grande luta a ser lutada: a libertação da nossa brasilidade e nosso sonho de sociedade de iguais, sem distinção de cor ou raça.

Para que isso se materialize será necessário muito mais luta e mudança, muito mais coragem e determinação. Mas, será necessário também, mudar, libertar, descolonizar mentes e corações. Será necessário aproximar o gesto, refinar o olhar e purificar o sentimento as emoções. Será necessário substituir a naturalidade das coisas equívocas e irracionais, por uma postura ereta, uma atitude reta uma prática diferente e inovadora.

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Será e continuará sendo uma necessidade insuperável de rever as crenças, mudar conceitos, transformar atitudes e reformular e reconstruir uma ética e uma moralidade honesta, concreta e verdadeiramente alinhada com os valores civilizatórios da humanidade. Em síntese, mudar a consciência.

Mudar a consciência e celebrar a negritude que nos constitui e se manterá eternamente parte integrante de cada um de nós, e que será sempre nosso código.

Somos negros, sim.

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