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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Se é Bayer é bom?

Num Brasil cujo negacionismo esconde e escamoteia o drama do racimo estrutural, a coragem de algumas empresas encoraja e estimula os jovens negros

Por José Vicente
Atualizado em 5 fev 2021, 19h15 - Publicado em 5 fev 2021, 19h14

O impacto do lançamento do Programa de Trainees exclusivo para negros do Magazine Luiza foi tão retumbante, que, além de dividir as opiniões, polarizar e produzir um verdadeiro debate nacional, acabou jogando penumbra em outros importantes e relevantes acontecimentos do novo normal de alguns destacados players do ambiente corporativo nacional.

A novidade, gestada no bojo de longo processo de maturação das dezenas de empresas da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, ao tempo que anunciava para o mundo o ineditismo e mudança do paradigma racial empresarial que subia a régua dos negros dos postos de entrada dos estágios para os postos de entrada da gestão , da mesma forma contrariava frontalmente o discurso político de que medidas de ação afirmativa de promoção dos negros constituía importação do racismo americano ou daltonismo social , na medida em que todos os brasileiros são tratados igualmente.

Assim, juntamente com a força de exposição e potência da marca e o arrastão de Floyd na opinião pública mundial, o caso Magalu acabou ocupando todos os espaços de atenção e debates e deixou poucas margens de visibilidades para quaisquer outros acontecimentos similares, ainda que, da mesma forma inédito e relevante.

Por esse motivo, o programa de trainees exclusivo para negros da Empresa Bayer semelhante ao da Magalu, lançado praticamente na mesma data, e que originalmente até oferecia mais vagas – 19 contra 10 – e valor maior de salário – 6.900 contra 6.700 -, acabou ofuscado e não ganhou a atenção, destaque – e mesmo a oposição e confrontação – que também foi e continua sendo merecedor.

Cumprindo o figurino que formatou o caminho dessas empresas para o novo paradigma, primeiramente seu presidente assumiu o comando dessa agenda para dentro e para fora, realizou o letramento antirracista, instituiu grupos internos de sensibilização, contratou estagiários negros e posicionou e comunicou os novos valores a todo seu ecossistema. Tudo isso preparou o terreno para o salto para futuro que agora a colocou anos luz frente da concorrência e numa posição de vanguarda na agenda do ESG que ainda está engatinhando no Brasil.

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Com mais de 25 mil jovens negros inscritos acima da malfadada régua, além de cumprir com rigor todos os procedimentos estabelecidos aos candidatos não negros apresentou um resultado final surpreendente: 84% dos aprovados são jovens mulheres negras de 22 a 32 anos. Cada vez mais representativas em todo os espaços sociais e principalmente nos bancos universitários, as mulheres negras novamente confirmam sua potência e resiliência para transitarem num mundo cuja discriminação contra suas pessoas é sempre redobrada, enquanto a Bayer acabou mantando dois coelhos com um tiro só: ampliou a diversidade racial e alcançou mais diversidade racial de gênero.

Assim, além do protagonismo e quebra da barreira histórica, a Bayer individualmente promove uma mudança extraordinária, enriquecendo e valorizando seus fundamentos éticos empresariais e, coletivamente, com o Magazine Luiza e demais empresas inovadoras, constroem o novo normal na questão racial empresarial e antecipam e saem na frente na promoção dos desafios e das exigências da nova agenda racial do ESG.

Num Brasil cujo negacionismo esconde e escamoteia o drama do racimo estrutural, e o monopólio da branquitude interdita e joga na lata do lixo a plêiade de talentos e competências de alto valor e capacidades, a coragem e o compromisso de empresas como a Bayer encorajam, empoderam e estimulam os jovens negros de todo o país. Como pudemos ver em Davos e na nova agenda de responsabilidade racial americana do Governo Biden, a mudança chegou na América e agora com a Bayer e demais empresas do bem, também está chegando no Brasil.

Sob essa perspectiva, no ritmo do bordão que embalou a memória dos brasileiros, não pode persistir dúvidas e a conclusão é uma só: Se é Bayer é Bom.

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