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Informação e análise
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Lula tenta isolar Ciro Gomes, que reage: “Ele mantém Bolsonaro vivo”

Lula propôs uma "Federação de Esquerda" do PT com cinco partidos. O resultado imediato seria o isolamento do adversário Ciro Gomes, que negocia com o PSB

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3 dez 2021, 08h00

Lula avança no projeto de isolar o adversário Ciro Gomes, do PDT. Propôs ao PSB uma federação partidária, com o PT e outros quatro partidos (PCdoB, PV, Psol e Rede Sustentabilidade).

É um novo formato de organização eleitoral, previsto na legislação para estreia em 2022. Nele, dois ou mais partidos se comprometem a atuar, de maneira coordenada e em regime de fidelidade, durante quatro anos. Pode ser restrito a município ou Estado, mas Lula projeta uma “Federação de Esquerda” nacional, válida por um mandato, com chapas conjuntas em todos os Estados.

Em tese, existem vantagens nesse tipo de composição num quadro de limitações crescentes para os partidos pequenos. Exigências de desempenho mínimo (cláusula de barreira) impõem a todos uma luta pela sobrevivência nas urnas no próximo ano. Será mais dura para alguns — prevê-se que apenas oito devem conseguir manter bancadas no Congresso e ter acesso a fundos públicos, a partir de 2023.

Para Lula, agregar ao PT uma “Federação de Esquerda” seria o ideal num plano de batalha para a disputa presidencial. No mínimo, garantiria um capítulo extra no seu histórico de estrategista político. Em 2018, por exemplo, ele foi candidato na prisão e pôs o ex-prefeito Fernando Haddad no palanque, com o seu retrato na frente. Haddad perdeu nas urnas para Bolsonaro, Lula venceu no cárcere.

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Na quarta-feira (1/12), o presidente do PSB, Carlos Siqueira (ao centro da mesa) se reuniu com 25 deputados federais para discutir a proposta de uma “Federação de Esquerda”com o PT, PCdoB, PV, Psol e Rede, em torno de Lula — (PSB/Divulgação/VEJA)

Um dos efeitos imediatos dessa construção federativa é o avanço no isolamento do adversário Ciro Gomes, que negocia com o PSB.

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Na quarta-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, se reuniu com 25 dos 30 deputados federais. Houve apenas um voto contra a proposta de federação com o PT, PCdoB, PV, Psol e Rede, em torno de Lula. Na próxima semana haverá outra rodada, com os presidentes regionais. Na sequência, a cúpula nacional vai decidir o destino do partido.

Para o PSB a ideia de uma federação é atraente. O problema da proposta de Lula, ressalvam dirigentes, estaria no vício do PT pela hegemonia, que redundou —lembram —, na refundação do PSB, no nascimento do Psol e da Rede Sustentabilidade, e na sobrevivência do PDT.

Essa relutância revela uma das fragilidades do projeto de Lula e chamou a atenção de Ciro Gomes. Ele está em campo para impedir a união do PSB com o PT. Na próxima semana, por exemplo, vai a Vitória tentar convencer o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

Ciro Gomes está acossado por Lula e Sergio Moro. Três semanas atrás se destacava como o candidato antiLula e antiBolsonaro, atraindo parte do eleitorado avesso a ambos. Desfrutava da solidão no terceiro lugar, com perspectiva de alcançar dois dígitos nas intenções de voto no final do verão.

Tudo mudou desde a quarta-feira 10 de novembro, quando o ex-juiz da Lava Jato vestiu a toga de candidato presidencial do Podemos. O noviço Moro surpreendeu experimentados políticos, como Ciro, Lula e Bolsonaro, simplesmente porque não cometeu erros táticos ao entrar na pista. Logo arrastou uma fração do eleitorado insatisfeito com o governo e uma fatia do antipetismo. Em três semanas saltou do patamar de 8% para quase 14% nas intenções de voto. Ciro continuou solitário, agora, porém, em quarto lugar.

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Ele insiste: “Não é possível que a elite brasileira, esse sistemão que produziu Bolsonaro e lá atrás produziu Collor, repita esse filme trágico” —disse ontem a Isabel Mega, da BandNews. “Eu vou tentar mostrar que eu tenho outra história, nada a ver com as viúvas do Bolsonaro. É o Bolsodoria, o Eduardo Leite Bolsonaro, o Sergio Moro Bolsonaro… Eu sou contra essa gente toda. E eu estava lá, em 2018, contra o PT e contra Bolsonaro, portanto, quem é nem Bolsonaro e nem Lula sou eu. Vamos ver se o povo me identifica.”

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Ciro Gomes vê Lula conspirando para garantir sobrevida eleitoral a Bolsonaro, que derrete nas pesquisas. “Se Bolsonaro continuar nesse ritmo de derretimento, muito provavelmente será retirado precocemente da disputa eleitoral. O que o Lula está fazendo é manter o Bolsonaro numa espécie de balão de oxigênio, vivo, para que a eleição seja simplificada.” (Fonte: Pesquisa Atlas, 27 a 29 novembro/VEJA)

Citou como evidência as manobras legislativas do PT na votação da PEC dos Precatórios (cerca de R$ 100 bilhões) e do orçamento paralelo (aproximadamente R$ 33 bilhões). “É uma montanha de dinheiro para jogar nisso que se chama, loucamente, de orçamento secreto. Um cheque em branco para os políticos gastarem, roubando 30, 40%. É preciso destacar o comportamento do Lula. O Lula, simplesmente, na Câmara Federal, manda [o PT] votar contra a PEC dos Precatórios, e nos acusa pesadamente. E agora no Senado manda o [PT] votar a favor. Para quê? Pra dar dinheiro sujo pro Bolsonaro se manter vivo. Lula quer que o Brasil se desastre na mão do Bolsonaro para que a eleição dele seja a eleição do argumento só contra o Bolsonaro. E que se não especule, não se examine, aquilo que foi a brutal contradição da roubalheira generalizada com que ele tangeu o governo dele, e da crise econômica mais grave da história que ele produziu, e que está aí se desdobrando.

“O PT votou a favor, o líder do PT no Senado, do orçamento secreto!”— prosseguiu — O que é isto, pelo amor de Deus? Ele deu o voto vitorioso ao orçamento secreto, o líder do PT! E não acontece por acaso, porque no PT o Lula manda e eles obedecem. Lamentavelmente, um grande partido, com a história do PT, virou isso, uma burocracia pra dizer ‘amém’ a todas as contradições, inclusive morais, do Lula, e isso o corrompeu completamente.”

Ciro Gomes luta para ultrapassar Moro e escapar do cerco de Lula.

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