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Informação e análise
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Joe Biden enquadrou Bolsonaro

Em abril, na reunião de cúpula, Biden nem ouviu Bolsonaro. Agora, mandou John Kerry abrir um canal direto com os governadores estaduais

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Atualizado em 26 jul 2021, 11h10 - Publicado em 26 jul 2021, 09h00

Joe Biden enlaçou e enquadrou Jair Bolsonaro.

Em abril, na reunião de cúpula sobre mudanças climáticas, Biden nem ouviu o que Bolsonaro tinha a dizer. Saiu da sala antes do presidente brasileiro se apresentar.

Agora, vai abrir um canal direto com os governadores estaduais.

Na quinta-feira, John Kerry, o negociador de Biden para assuntos sobre meio ambiente, tem um encontro virtual marcado com os governadores Wellington Dias (PT-PI), Renato Casagrande (PSB-ES), João Doria (PSDB-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) e Flávio Dino (PSB-MA).

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São todos de oposição a Bolsonaro. Na reunião representam, também, outros 15 governadores estaduais interessados em negociar diretamente com o governo americano um conjunto de iniciativas de preservação ambiental que abrangem desde o saneamento público àquilo que chamam de “ativos verdes” — biomas do Sul, Sudeste e da Amazônia.

Kerry foi senador e ex-secretário de Estado no governo Obama. Na versão oficial, a conversa foi pedida pelos governadores sob a justificativa de sondagem de um “aporte técnico e financeiro adequado” do governo e de empresas privadas dos Estados Unidos para uma dúzia de projetos ambientais, preparados especificamente para essa reunião.

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Na prática, Washington vai inaugurar uma linha de comunicação direta com os governadores, atores políticos cuja relevância foi realçada na catástrofe pandêmica, está refletida nas pesquisas de opinião — todos têm nível de aprovação muito superior ao de Bolsonaro — , e tendem a desempenhar papel fundamental nas eleições do próximo ano, como candidatos ou aliados influentes.

Bolsonaro hostilizou Biden abertamente durante toda a campanha eleitoral americana, no ano passado. Até insinuou a possibilidade de ele ter roubado a eleição do ex-presidente Donald Trump, de quem se considerava aliado. Foi um dos últimos a admitir a vitória do adversário de Trump.

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Não se pode dizer que a Casa Branca esteja dando o troco, porque seria atribuir a Bolsonaro uma relevância no mapa-múndi que não possui. Mas na cena proliferam marcas de competência da diplomacia americana, há cinco meses operando em silêncio.

Subestimar Biden é sempre arriscado. No legado invisível da Copa de 2014 ficcou uma operação política bem-sucedida, que ele conduziu em absoluto silêncio quando era vice-presidente. Foi a reaproximação de Dilma Rousseff e Barack Obama.

Estava com 71 anos e já carregava a fama de um tipo heroico para os humoristas. Candidato a vice, na campanha de 2008, Biden foi a um comício em Columbia (Missouri). E convocou ao palanque um aliado local, Chuck Graham: “Levanta-te, Chuck, deixe que eles te vejam!” Graham sorriu, e continuou na sua cadeira de rodas.

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Às vésperas da eleição, em Nashua (New Hampshire), teve um ataque de “sincericídio” sobre a sua escolha: “Hillary Clinton é tão qualificada, ou mais qualificada do que eu para ser vice-presidente dos EUA. Francamente, acho que poderia ter sido melhor escolha do que eu.”

Um ano antes, em maio de 2013, Biden desceu em Brasília com o convite de Obama para Dilma Rousseff visitá-lo em Washington. Semanas depois O Globo revelou a espionagem americana, a partir da “estação” das parceiras NSA e CIA em Brasília. Dilma cancelou a visita.

Seguiu-se um balé diplomático de oito meses, e Obama entregou a Biden o ato final. Durante a Copa, ele desembarcou no Brasil, assistiu a um jogo da seleção americana, subiu morros do Rio e, em seguida, desceu até o Planalto. Ficou algumas horas, conversou com Dilma e voltou a Washington.

Dias depois, Dilma deu uma entrevista à repórter Christiane Amanpour, da CNN. Surpresa: ela não só isentou Obama pela espionagem como culpou o antecessor na Casa Branca, o republicano George W. Bush, por aquilo que chamou de “processo” no período pós-atentados terroristas de 2001.

Biden ganhou a Copa de 2014 dentro do Palácio do Planalto.

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