Eleitor insatisfeito acha o governo menos ruim que o presidente-candidato
Aflição com saúde lidera e, ao lado da percepção sobre avanço na corrupção, agora se destacam o desastre na educação e a volta do processo inflacionário
Má notícia para o governo: é crescente a insatisfação do eleitorado. E o aumento segue constante há oito meses seguidos.
Em outubro do ano passado, três em cada dez eleitores classificavam a administração como “ruim” ou “péssima”. Agora, mais da metade (54%) reprova — indica pesquisa XP/Ipespe divulgada ontem.
Boa notícia para o governo: na percepção coletiva, a gestão governamental é considerada menos ruim do que a maneira como presidente atua.
É muito maior (63%) a reprovação à maneira de Bolsonaro agir na Presidência da República. Ou seja, a desaprovação a ele ultrapassa em nove pontos percentuais a avaliação “ruim” ou “péssima” dada ao conjunto do governo.
É retrato traçado entre 11 e 14 de agosto, a partir de 1.000 entrevistas telefônicas em todo o país, com margem de erro de 3,2 pontos percentuais. Confirma a tendência predominante em sondagens anteriores da XP/Ipespe e, também, de outras empresas de pesquisa.
Nela está registrada uma mudança relevante na visão dos eleitores sobre os principais problemas. A aflição com a saúde lidera, e se reflete na responsabilização do presidente (59% de desaprovação) por falta de liderança do país na pandemia. Contrasta com a aprovação do desempenho dos prefeitos (55%) e governadores (43%).
No quadro das inquietações coletivas, ao lado da percepção sobre avanço na corrupção, agora também se destacam o desastre no sistema educacional, agravado na pandemia, e a volta do processo inflacionário.
O vigor da inflação corrói o orçamento da maioria pobre do eleitorado e sustenta há cinco meses a apreensão com o rumo da economia: 63% acham que o país está no “caminho errado”. Por coincidência, é a mesma dimensão da desaprovação à conduta do presidente (63%) e da rejeição à ideia de reeleição de Bolsonaro (61%).