Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por José Casado
Informação e análise
Continua após publicidade

Cresce a dependência da China e Bolsonaro perde apoio no campo

Nunca o Brasil esteve tão dependente de Pequim. Convulsões anti-chinesas de Bolsonaro levaram à corrosão da sua base ruralista, que foi vital em 2018

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 Maio 2021, 13h44 - Publicado em 29 Maio 2021, 09h00

Nunca o Brasil esteve tão dependente da China quanto no governo Jair Bolsonaro.

De cada dez dólares que o país fatura no exterior, três têm origem do mercado chinês.

A dependência cresceu, apesar das convulsões anti-chinesas de Bolsonaro. Elas não apenas abalaram as relações com o governo de Pequim, como também provocaram a uma corrosão da sua base ruralista, que foi vital na eleição de 2018.

Entre janeiro e abril do ano passado, a China comprou 27% dos dez produtos mais exportados pelo Brasil. Pagou US$ 18 bilhões no período.

Abril de 2020 terminou com Bolsonaro e alguns ministros insultando os chineses numa reunião no Palácio do Planalto, culpando-os pelo avanço da pandemia — algo parecido a culpar os brasileiros pela disseminação da dengue ou da chicungunha.

Nos primeiros quatro meses deste ano, a China aumentou para 30,1% a sua participação nas compras dos dez produtos brasileiros mais vendidos no exterior. Pagou US$ 24,7 bilhões.

Continua após a publicidade

Quando maio começou, Bolsonaro repetiu os espasmos anti-chineses. A China já se tornara destino final de 73% das vendas brasileiras de soja; de 63% de minério de ferro; de 58% do petróleo bruto e de 55% da carne exportada pelo Brasil.

Quinta-feira passada, na CPI da Pandemia, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, relatou uma reunião com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Ele deixou claro o “inconformismo” do governo de Pequim com as persistentes ofensas de Bolsonaro e de alguns ministros.

O Butantan é parceiro da empresa chinesa Sinovac e, como o consórcio Fiocruz/Astrazeneca, depende da produção chinesa de insumos para fabricar sua vacina (Coronavac).

Covas testemunhou na CPI sobre as consequências práticas da obsessão de Bolsonaro em responsabilizar a China pelas agruras do próprio governo, que perdeu o controle da gestão na pandemia.

“Isso se reflete nas dificuldades burocráticas [para a obtenção de insumos para a vacina]” — contou. “Eram resolvidas em 15 dias. Agora, [leva] mais de mês. Nós, que estamos na ponta, sentimos. Negar isso não é possível.”

Continua após a publicidade

O conflito aberto por Bolsonaro deixa sequelas na política doméstica, principalmente entre integrantes do lobby ruralista no Congresso, que atuaram como esteio eleitoral de Bolsonaro em 2018.

É uma bancada parlamentar expressiva, tem pouco mais de duas centenas de votos na Câmara, se divide entre partidos que compõem o Centrão e costuma operar unida nos objetivos. Enfrenta uma cisão, por causa das convulsões anti-chinesas de Bolsonaro (Pequim é o principal cliente das exportações de 14 estados).

A dissidência é majoritária na bancada, como também no sindicalismo rural. Dias atrás, o próprio Bolsonaro teve um vislumbre da confusão em que se meteu.

Um núcleo de aliados tentou passar o chapéu entre empresários rurais para financiar o seu comício de maio em Brasília. Não conseguiu ir além dos cofres de duas associações setoriais, uma em Minas e outra em Mato Grosso do Sul, apesar das intervenções do Palácio do Planalto.

Um dos portavozes ruralistas no Centrão, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) deu a dimensão do efeito corrosivo no apoio dos ruralistas a Bolsonaro. “Se não mudar, não tem solução”, disse à repórter Denise Rothenbourg, do Correio Braziliense. “Se faltar vacina e insumo, [ele] precisa ser afastado imediatamente, não tem conversa.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.