Brasil já perde investimentos por desprezar a política ambiental
Fiasco do leilão de áreas de petróleo mostra que a ausência de política ambiental já afeta investimentos privados e os interesses econômicos do país
A quinta-feira terminou com o petróleo a 81,95 dólares o barril no preço de referência internacional (o do óleo tipo Brent, do Mar do Norte).
Dia de celebração para executivos de empresas petroleiras, cujo bônus de Natal só cresce, e especuladores de Bolsa de Valores. Dia ruim para consumidores de gasolina, diesel e gás, pois sinaliza aumentos no horizonte.
Deveria ter sido uma jornada de ótimos negócios para um governo que tem áreas marítimas propícias à exploração de óleo, quer e precisa vender para fazer caixa e financiar parte de seus projetos para a eleição de 2022. Dos 92 blocos leiloados ontem, o governo só conseguiu vender cinco — ou seja, 4,6% —, todos na Bacia de Santos.
Foi um fiasco, o maior em duas décadas. As empresas, entre elas a Petrobras, simplesmente se recusaram a fazer uma oferta por áreas de alto risco ambiental, como as do arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas. A mensagem não poderia ser mais cristalina: o desprezo do governo pela política ambiental já afeta investimentos privados — e os interesses econômicos do país.