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‘Podres de Ricos’: ele vai herdar bilhões, e tem uma mãe que é uma fera

Casamento bem-feito do que é universal com o que é específico – a vida dos bilionários de Singapura – é a razão do sucesso desta comédia romântica deliciosa

Por Isabela Boscov Atualizado em 31 out 2018, 20h35 - Publicado em 31 out 2018, 20h10

Como já tive a sorte de ver, no avião, dois episódios da nunca lançada aqui (que eu saiba) Fresh Off the Boat, sobre uma família de imigrantes taiwaneses nos Estados Unidos dos anos 90, tinha grandes esperanças para Podres de Ricos: a atriz Constance Wu, que faz — com brilho — a jovem matriarca dos Huang na série, não ia colocar todas as fichas ganhas com tanto esforço em uma produção americana que ridicularizasse ou estereotipasse chineses & descendentes. Ademais, Wu é craque em andar sobre aquele fio da navalha em que humor e drama se encontram, e eu supunha que não seria por acaso que o diretor californiano John M. Chu, também filho de chineses, a teria escolhido. Tenho o maior prazer em dizer, então, que todas as minhas expectativas foram atendidas, e com folga. Podres de Ricos, baseado no primeiro livro da trilogia do escritor Kevin Kwan, é uma graça e uma delícia. Wu está ótima como a moça com cara de chinesa, mas 100% nova-iorquina, que descobre que o namorado que ela julga ser remediado é, na verdade, o herdeiro da maior fortuna de Singapura – e tem uma mãe (a maravilhosa Michelle Yeoh) que está friinha por fora, mas fervendo por dentro, com a ideia de que essa cinderela forasteira consiga roubar o príncipe que ela criou com tanto zelo. O destaque mesmo, porém, é a direção esfuziante, calorosa e cheia de simpatia espontânea.

Leia a seguir a resenha completa:


Ponto da Diversidade?

Ela não merece tanto crédito pelo sucesso de Podres de Ricos, comédia romântica com elenco todo asiático. O que ganhou o público foi a simpatia – e o exotismo

Nick Young (Henry Golding) nunca pede sobremesa; prefere roubar umas colheradas do doce de sua namorada, Rachel (Constance Wu). O rapaz também joga basquete numa quadra caída da ACM e tem todo tipo de gosto singelo, o que Rachel, professora de economia em Nova York, acha enternecedor. O que ela ignora, mas o espectador já sabe, é que Nick não tem nada de simplesinho: é herdeiro da maior fortuna da riquíssima Singapura – aquele tipo de gente que, quando é esnobada por um concierge, compra o hotel na hora, com um telefonema, para calar a boca do funcionário malcriado. Pode parecer uma sorte danada, então, que Nick esteja apaixonado por Rachel a ponto de levá-la consigo numa visita a Singapura, onde ele vai ser padrinho de casamento de seu melhor amigo. Seria uma sorte – não estivesse lá, do outro lado do mundo, já ciente do namoro (a fofoca transcontinental é de uma velocidade atordoante), Eleanor (Michelle Yeoh), a severa, aristocrática e muito tradicional mãe de Nick. Mãe-tigre por ditame social e também por vocação, Eleanor está furiosa com a ideia de entregar seu príncipe a uma cinderela qualquer. É justamente esse o charme de Podres de Ricos: dar um inédito e tresloucado tempero asiático a uma história que já foi servida em todo tipo de sabor.

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Podres de Ricos
(Warner/Divulgação)

Desde O Clube da Felicidade e da Sorte, de 1993, não se produzia um filme de estúdio com elenco integralmente oriental, mas a Warner se deu bem com a aposta: rodada ao custo modesto de 30 milhões de dólares, a comédia romântica do diretor californiano Jon M. Chu já é uma das maiores bilheterias do ano nos Estados Unidos. Conta muito o fato de o filme partir da trilogia homônima de grande sucesso do escritor Kevin Kwan (o primeiro livro foi publicado aqui pela Record), que se baseou em suas experiências de choque cultural. No senso comum, o sucesso de Podres de Ricos seria então uma vitória da busca pela diversidade. Na prática,tem mais a ver com a marca já conhecida, com a simpatia da direção e do elenco (no qual Michelle Yeoh sobressai com larga vantagem) e com aquela faceta aparentada mas sutilmente oposta à ideia de diversidade: o exotismo.

Podres de Ricos
(Warner/Divulgação)

E exotismo é o que não falta aqui. Da arquitetura de Singapura – que compete com a de Dubai em mirabolância – aos costumes alienígenas dos extraordinariamente ricos, Jon M. Chu serve uma porção generosa de cor, exuberância e humor (a trilha sonora, com versões em chinês de hits como Material Girl, é um deleite à parte). Autor, roteiristas e diretor driblam também um pecado fatal cometido, por exemplo, em Meu Casamento Grego: em vez de estreitarem seus personagens em estereótipos folclóricos, tratam de alargá-los com contornos contraditórios e mais humanos. Eles podem ser podres de ricos, mas – até certo ponto – são gente como a gente.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista Veja em 31/10/2018
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2018

Trailer

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PODRES DE RICOS
(Crazy Rich Asians)
Estados Unidos, 2018
Direção: Jon M. Chu
Com Constance Wu, Henry Golding, Michelle Yeoh, Awkwafina, Lisa Lu, Ken Jeong, Jimmy O. Yang
Distribuição: Warner

 

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