O teatro de Sérgio Mamberti é a defesa do PT
A “vítima” petista a se queixar hoje na coluna de Mônica Bergamo, na Folha, é José Dirceu: “Me arruinaram”, diz ele (e não está se referindo aos próprios crimes). Ontem, foi a vez do ator militante Sérgio Mamberti, que “volta ao teatro após deixar governo e faz defesa do PT”. Isto para completar uma semana em […]
A “vítima” petista a se queixar hoje na coluna de Mônica Bergamo, na Folha, é José Dirceu: “Me arruinaram”, diz ele (e não está se referindo aos próprios crimes).
Ontem, foi a vez do ator militante Sérgio Mamberti, que “volta ao teatro após deixar governo e faz defesa do PT”.
Isto para completar uma semana em que o ministro José Eduardo Cardozo e Dilma Rousseff também choramingaram naquele espaço.
Teatro por teatro, fico com o profissional:
“Um dos principais interlocutores do PT no meio artístico e membro do partido desde sua fundação, Mamberti saiu do ministério em 2013, mas continua se referindo ao governo na primeira pessoa do plural. Sobre escândalos, é diplomático.
É um ‘momento difícil. Acusações são feitas, como no caso do [tesoureiro envolvido na Lava Jato, João] Vaccari, mas que não são comprovadas, e no entanto as pessoas são criminalizadas. [Em relação a quem já foi condenado], o governo está fazendo todo o possível no sentido de esclarecimento.’”
Se, antes, defender o ‘companheiro’ já era só encenação, agora ficou ainda mais patético. Ricardo Pessoa relatou que Vaccari tirou 3,9 milhões de reais em dinheiro vivo de uma “conta corrente” que o tesoureiro petista tinha na UTC, “em decorrência das obras com a Petrobras”. Não era caixa 1, nem caixa 2, mas dinheiro roubado da estatal receptado diretamente pelo PT.
No “sentido de esclarecimento”, o governo, de fato, está fazendo todo o possível: Dilma disse “Eu não respeito delator”, Lula atacou Cardozo por não conseguir boicotar 100% das investigações (apesar das reuniões secretas com advogados das empreiteiras). Está bem esclarecido que o governo do PT está do lado da organização criminosa.
“Apesar do tom brando, o artista não passou ileso por contendas políticas na internet. Recebeu ataques no mês passado por causa de um vídeo editado com trechos de uma fala sua em um congresso do PT.”
O vídeo não é exatamente “editado com trechos de uma fala sua”, o que sugere uma manipulação qualquer. O vídeo é o trecho contínuo de um discurso seu, sem interferência de edição no meio.
“O título do vídeo sugeria que ele convocava black blocks para protestos. ‘Houve uma manipulação, descontextualizaram. Sou absolutamente avesso à violência.’”
É avesso à verdade, isto sim.
No vídeo, Mamberti afirmava a necessidade de “despertar a militância” do PT, chamava as manifestações antipetistas na Av. Paulista de “convescote de ricos” e dizia em seguida: “É uma vergonha que a Paulista esteja sendo ocupada dessa maneira. Cadê os Black Blocs? Onde é que foram parar os Black Blocs? Entendeu? Gente, nós temos que reagir.”
Se isso não é convocar Black Blocs, eu sou Mônica Bergamo.
“Mamberti diz que nunca tinha estado na mira dos ataques ao partido. ‘Não guardo rancor, só fiquei muito triste. Acredito até que boa parte das pessoas que fizeram comentários agressivos tem um motivo, uma meta, que é fazer um Brasil melhor. Mas também tem muito comentário motivado por ódio.’”
Os brasileiros de bem, de fato, odeiam o crime, a defesa militante de bandidos, a mentira, a propaganda enganosa.
Quem incorre em uma ou mais dessas coisas, felizmente, ainda vira alvo de críticas “nêsti paíf”.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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