Em 2005, escrevi este parágrafo em crônica de comportamento na internet:
“É preciso reaprender a interagir aqui fora, onde antes de ser alguém, somos um perfil (melhor ou pior que nós mesmos), e a comunicação obedece à estranha hierarquia dos canais modernos. Chegamos a um tempo em que, não raro, o relacionamento real exige uma vida pregressa na internet. É como abordar alguém e ouvir: ‘Como assim? Você nunca me mandou uma mensagem…’. (…) Todo mundo anda precavido. Se alguém passa de scrap a e-mail, você já se pergunta inconscientemente antes de abrir: a que devo o upgrade?”
Hoje, as escalas virtuais são tantas que, tendo conhecido ao vivo ou não a pessoa, você a curte no Tinder, segue no Instagram, adiciona no Facebook, começa a falar no chat, transfere para o Whatsapp, vai conversar no Skype e, quando pensa em marcar o primeiro encontro, periga de ouvir: “Acho que estamos indo rápido demais… Vamos voltar para o whats.”