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Cissa Guimarães, ‘Relatos selvagens’ e os pais que superprotegem os filhos

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 02h15 - Publicado em 26 jan 2015, 20h48

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Pai recorre a métodos espúrios para livrar filho da responsabilidade por atropelar e matar alguém. Isto aconteceu no caso real da morte do filho de Cissa Guimarães, Rafael Mascarenhas. Isto é o enredo de um dos seis episódios argentinos de ‘Relatos selvagens’, de Damián Szifronin (do divertido “Tempo de valentes”), indicado neste ano ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

No filme, a vítima é uma mulher grávida, e o pai milionário oferece dinheiro ao próprio caseiro para assumir a responsabilidade em lugar do filho desesperado, que, segundo ele, não aguentaria passar anos na prisão. O advogado da família ajuda a montar a farsa em troca de honorários altos e, quando o investigador do caso a percebe, cobra também o seu quinhão.

Na versão real brasileira, Roberto Martins Bussamra pagou R$ 1.000 a dois policiais – que teriam cobrado R$ 10.000 – para que deixassem de registrar o atropelamento cometido por seu filho, Rafael de Souza Bussamra, sem nem verificar as avarias no veículo que ele dirigia.

A Justiça do Rio condenou o motorista a sete anos de reclusão (regime fechado) e mais cinco anos e nove meses de detenção (regime semiaberto), e o pai terá de cumprir oito anos e dois meses de reclusão (regime fechado) e mais nove meses de detenção (regime semiaberto).

No “Mais Você” desta segunda-feira, Cissa leu trechos da condenação dos Bussamra e agradeceu ao juiz Guilherme Schilling, que criticou a atitude de Roberto em subornar o ex-sargento Marcelo José Leal Martins e o ex-cabo Marcelo de Souza Bigon, ambos expulsos da corporação e condenados a cinco anos de prisão em regime semiaberto. Schilling escreveu:

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“O caso vertente retrata não apenas policiais que acobertam e omitem o crime (sendo, por isso, também criminosos), mas também os falsos pais que superprotegem os filhos criando pessoas socialmente desajustadas. Impõe-se uma reflexão sobre o tipo de sociedade que pretendemos para as futuras gerações ou, mais ainda, que tipo de cidadãos somos. Afinal é essa uma das dificuldades atuais da humanidade no plano da ética. De nada vale o Estado reconhecer a dignidade da pessoa se a conduta de cada indivíduo não se pautar por ela.

Neste tocante, aliás, o que se observa é um comportamento reprovável e malicioso dos réus, que através de uma enxurrada de inverdades, buscaram não somente eximirem-se da responsabilidade penal, mas na realidade transferi-la com maior peso a outras pessoas. Percebe-se uma verdadeira degradação de valores morais em uma família de classe média, que talvez por mero individualismo, ou abraçando uma cultura brasileira de tolerar exceções, tende a apontar os erros dos outros, e colocando um verdadeiro véu sobre seus erros.”

O texto do juiz dispensa acréscimos.

É perfeito como condenação e, também, como resenha involuntária do episódio de “Relatos Selvagens”, guardadas as diferenças de que a família do filme era milionária e os PMs brasileiros se venderam por bem menos que o caseiro, o advogado e o investigador.

Em 2015, o Brasil mais uma vez está fora da competição do Oscar. Lamentavelmente, o cinema argentino, com seus roteiros capazes de falar ao coração de todo o mundo, descreve e reflete melhor sobre a nossa dura realidade do que o cinema brasileiro. No episódio do engenheiro (Ricardo Darín) que, depois de ter o carro rebocado, luta contra a bucrocacia do sistema de trânsito, só faltou mesmo o veículo ser roubado do depósito, como acontece no Rio de Janeiro.

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Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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