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Por Duda Teixeira
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Por que a Venezuela tem seis vezes mais generais que o Brasil?

Como não há cargos suficientes para todos eles nas Forças Armadas, os oficiais cumprem outras tarefas

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 out 2018, 11h11 - Publicado em 21 out 2018, 11h07

A Venezuela do ditador Nicolás Maduro tem cerca de 2000 generais. O Brasil fica bem atrás, com 300. Mas a quantidade de militares, de todos os níveis, nesses dois países é praticamente a mesma: 360 000.

Não há nada de absurdo com os números brasileiros. O que salta aos olhos é o índice venezuelano, um dos maiores do mundo. Há muito cacique para pouco índio, ou muito general para pouco soldado.

A diferença estatística se dá porque, na Venezuela, os militares ganharam funções extras. A Constituição de 1999, impulsionada pelo então presidente Hugo Chávez, afirma que entre suas funções das Forças Armadas estão a cooperação em tarefas de segurança interna e a participação no desenvolvimento nacional.

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Chávez nomeou vários militares para vagas no governo e nas estatais. Uma das áreas mais importantes relegadas a oficiais foi a logística de alimentos. Com a destruição da produção nacional, o país passou a depender da comida importada e a distribuição passou a ser vista como uma área vital para controlar a população. Dos 11 ministros que passaram pela pasta de alimentação desde 2004, 10 foram militares.

“Não há cargos militares para 2000 generais. O que acontece é que há muitos deles trabalham em outros lugares, em cargos políticos, na logística de portos ou distribuindo alimentos para a população”, diz Eduardo Heleno, professor de relações do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.

Mas o desempenho deles muitas vezes foi lastimoso. Em 2010, jornais locais descobriram 130 000 toneladas de arroz farinha de trigo e massas apodrecendo em armazéns estatais. Os produtos foram importados e nunca distribuídos. Os militares também dirigem a empresa estatal de petróleo, a PDVSA, e as empresas de aço e minérios. A produção de petróleo com Chávez caiu de 3 milhões de barris por dia para 1 milhão.

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Para garantir a lealdade dos oficiais, o presidente Nicolás Maduro criou um banco, um canal de televisão, uma empresa de transporte e uma companhia agrícola só para atender aos militares. “A Venezuela hoje é sem dúvida uma ditadura militar. São eles que dão ordens para Maduro, e não o contrário”, diz o historiador venezuelano Agustin Blanco Muñoz, do Centro de Estudos de História Atual da Universidade Central da Venezuela, em Caracas.

O único paralelo possível com a Venezuela é o da ditadura de Cuba. Como na Venezuela, há militares em vários cargos políticos e nas estatais. “A Revolução de 1959, comandada por Fidel Castro, acabou com a fronteira entre militares e civis. Foi aí que surgiu a ideia de um povo com uniforme”, diz o historiador cubano Boris González Arenas, da Mesa de Unidade de Ação Democrática (MUAD). Atualmente, os oficiais dirigem as empresas mais lucrativas da ilha, como as companhias de transportes, hotéis, restaurantes e lojas.

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