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Quanto mais forte a defesa do atraso, mais firmes são as reações

Elogios ao arbítrio mantêm a sociedade em estado de alerta

Por Dora Kramer Atualizado em 13 set 2019, 09h54 - Publicado em 13 set 2019, 06h30

A “família” Bolsonaro — aqui compreendida para além de parentescos, a fim de incluir seguidores e bajuladores — tem conseguido o benfazejo feito de manter permanentemente aceso o botão de alerta na sociedade. Suas atitudes funcionam como uma espécie de antídoto à apatia que durante período mais ou menos recente suscitou a suspeita de que o brasileiro estivesse sob o efeito de algum tipo de anestésico cívico.

Quanto mais injuriosas as declarações e as atitudes, mais firmes e fortes são as reações. Não falo de posts e tuítes de conteúdo ressentido, mas de entidades relevantes e de gente dona de argumentação consistente que não têm deixado passar nada, submetendo constantemente o presidente da República ao chamado crivo do contraditório. Eis aqui a barreira que deveria servir de referência aos que manifestam temor pelo futuro da democracia e já veem o retrocesso atrás da porta.

É verdade que Jair Bolsonaro não vê problema em atrair aversões. Ao contrário, cultiva e se alimenta de antagonismos. É mentira, porém, que seja completamente indiferente a antipatias, ainda mais se elas ultrapassam a fronteira do risco por ele calculado. Disso dão notícias os recuos quando vê alto prejuízo na conta do custo e do benefício de suas bazófias. É atrevido no jogo do “nós contra eles”, mas se encolhe aos primeiros sinais de insatisfação no campo dos convertidos, o que denota destemor seletivo.

Bolsonaro tem noção de limite, muito embora não obedeça aos critérios consensuais de civilidade. Por isso, assusta. Agora, há uma distância oceânica entre o justificado choque com os modos presidenciais e a injustificada transferência para as mãos dele do destino da democracia brasileira, de fundamentos socialmente sólidos, conforme demonstrado pelo combate sem trégua a quaisquer manifestações de cunho autoritário, por mais bravateiras que se apresentem ou irrelevantes que sejam seus autores no contexto histórico e institucional.

O medo, definitivamente, não é a ferramenta adequada para enfrentar os arautos do atraso nem a maneira mais corajosa de se contrapor a eles. Para isso temos muitos instrumentos à mão, que, a despeito de certas disposições em contrário, têm sido usados independentemente de preferências político-partidárias. Com todo o apoio popular de que dispunha, nunca é demais repetir, o PT precisou recuar de tentativas de domínio absoluto pela via do poder. Vide a ideia de controle dos meios de comunicação e outras mais.

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Não será um presidente como Jair Bolsonaro, estreitamente vigiado e permanentemente cobrado, que conseguirá impor seus anacronismos à nação. Desde que esteja atenta, forte, não se encolha, não faça do medo uma forma de indignação e, sobretudo, tenha consciência da própria força — infinitas vezes maior que as vontades dos ocupantes passageiros de um poder cujos donos permanentes estão lá descritos no primeiro artigo da Constituição.

É assim que funciona, e, dessa linha, os governantes com pendor autoritário podem ameaçar sair no braço, podem espernear, mas não passarão.

Publicado em VEJA de 18 de setembro de 2019, edição nº 2652

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