O tranco da carroça
Desarticulada, oposição deixa Bolsonaro como protagonista da cena política
Há uma velha expressão que se aplica bem ao momento que vivem os partidos que ambicionam ocupar o lugar do presidente Jair Bolsonaro a partir da eleição de 2022: “É no tranco das carroças que se arrumam as abóboras”.
As trocas de comando no Congresso funcionaram como o tranco, as abóboras são os partidos e a carroça a articulação das forças políticas para o processo de sucessão. Na atual conjuntura a palavra mais adequada na verdade seria desarticulação.
No DEM se expôs a evidência de que a legenda não é tão de oposição a Bolsonaro como queria fazer crer o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No PSDB veio à tona uma enorme confusão provocada pelo afã do governador João Doria em dominar o partido, o que causou a irritação dos adversários internos.
No PT a orientação do ex-presidente Lula para que Fernando Haddad pusesse o bloco de candidato na rua fez com que partidos como PC do B, PSOL e PDT se manifestassem dizendo um “alto lá” à ideia petista de comandar o campo da esquerda.
O que une essas três legendas é a ausência de um projeto de país para apresentar à população. O exercício da crítica é papel da oposição, mas enquanto isso não vem acompanhado de um programa que diga ao eleitor por que exatamente deve dar seu voto a esse ou àquele partido, o presidente Bolsonaro segue ocupando com exclusividade o papel de protagonista da cena política.