Luiz Inácio da Silva foi e voltou sendo mais Lula do que nunca, apresentando-se como líder da oposição, criando sua própria versão dos fatos (“passei 580 dias numa solitária”) e nomeando seus adversários: o governo Bolsonaro, todos os que contribuíram para seus enroscos com a Justiça e a TV Globo.
As poucas expressões em prol da paz perderam-se na retórica belicosa que marcou tanto o primeiro pronunciamento à saída da Polícia Federal em Curitiba quanto o discurso de hoje (09/11) em São Bernardo do Campo. O ex-presidente já dirimiu todas as dúvidas a respeito do figurino que adotaria nessa retomada da atividade política. Diga-se, em público, pois não deixou de exercê-la no período de confinamento.
Contrariando os que consideravam mais prudente pegar leve a fim de não dar margem a reações e novas provocações do presidente Jair Bolsonaro, Lula apresentou-se vestido para a guerra. E sem meias nem cuidadosas palavras. Nas mais fortes delas disse que o Brasil é governado por e para “milicianos”.
Obviamente vai ter troco, até porque Bolsonaro que inicialmente tentou fazer modelo comedido evitando comentar a saída de Lula da prisão, não resistiu e foi ao ataque no costumeiro estilo chulo. Neste aspecto ambos falam o mesmo tipo de linguagem, o que sinaliza a bastante provável consolidação do império da baixaria na política brasileira.