Na noite deste domingo, 15, quando se concluir a apuração dos votos dados durante o dia, o Brasil terá uma ideia sobre o estado de espírito do eleitor dois anos depois da onda que pôs Jair Bolsonaro na Presidência da República e vários surfistas da mesma linha nos governos de estados, Senado e Câmara dos Deputados. Foi um misto de conservadorismo ideológico com sentimento reformista dos meios e modos da política.
A se confirmarem as intenções apontadas nas pesquisas de opinião em boa parte das 25 capitais em disputa (o Distrito Federal não tem prefeitura e em Macapá houve adiamento), a canoa da “nova política” embalada na defesa de velhos valores tende, senão a afundar, a dar sinais de sérias avarias.
O paradoxo é que as pesquisas indicam justamente uma preferência pelo conservadorismo, aí já não de cunho ideológico, mas no sentido da preferência pelo já testado e conhecido. Nesse cenário, vem prevalecendo o tradicional sobre o experimento do desconhecido.
Há variantes nessa análise, no entanto. Ela vale para, em parte, explicar o insucesso dos candidatos apoiados por Bolsonaro. Em parte, porque o muito bem conhecido Celso Russomano desidratou-se como habitual em São Paulo. Não vale, contudo, para o mau desempenho dos candidatos do PT em sua maioria escolhidos entre pessoas já conhecidas do público nas respectivas cidades. Aqui valeu a obsolescência em que mergulhou o partido ao se recusar à renovação e à autocrítica.
A principal pergunta a que políticos e analistas serão instados a responder na noite de domingo será sobre os efeitos dos resultados na eleição presidencial de 2022. A despeito das diferenças de motivação do eleitorado em escolhas municipais e nacionais, um fator deverá ser levado em conta: o tamanho de cada partido, a quantidade de eleitores representados, definirá o peso das legendas e consequentemente a força política de cada um nas negociações para formação das chapas concorrentes em 2022.