A presença do empresário Luciano Hang na CPI da Covid-19 provocou um tumulto previsto e, sobretudo, foi desnecessária. Uma obra de responsabilidade do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que enfrentou, e venceu, resistências de seus pares que já previam o que aconteceu: uma sessão circense sem utilidade prática para os trabalhos da comissão e um prato cheio para o deleite das redes sociais bolsonaristas.
O episódio serviu para reascender críticas internas ao relator, cuja atuação nem sempre merece aplausos dos colegas da bancada oposicionista majoritária na CPI. Em público evitam impor reparos à conduta do senador Calheiros. Nesta quarta-feira, 29, no entanto, a avaliação negativa circulou com menos discrição.
E qual é a crítica? Que Calheiros atua em causa própria, procurando passar de vilão a herói, na tentativa de “lavar” a biografia manchada por acusações e processos que resultaram na derrota, em 2019, para a presidência do Senado.
Na percepção de colegas que eram contrários à convocação de Luciano Hang, o senador Calheiros tem se conduzido com especial agressividade diante de alguns depoentes dando margem a que os governistas detratores da comissão de inquérito desqualifiquem os trabalhos dos senadores.
Vários integrantes da CPI eram contrários à convocação de Luciano Hang por não acreditar que ele poderia acrescentar grande coisa aos robustos dados já coletados no curso da investigação, mas também por receio de que o empresário e a tropa governista aproveitassem a ocasião para imprimir um clima circense à sessão do depoimento.