Jair Bolsonaro não é o primeiro nem será o último presidente da República a entregar a “alma” – na expressão dele mesmo – ao Centrão. Na verdade, muito mais de acordo com os parâmetros da democracia que a Casa Civil seja ocupada por políticos do que por militares.
Portanto, o problema não é esse. A questão é que o presidente faz isso em momento de extrema fragilidade política. Estelionatos eleitorais podem ser moralmente condenáveis, mas são comuns. Luiz Inácio da Silva fez o mesmo tipo de aliança e ainda deu um cavalo de pau no discurso de campanha ao adotar a política econômica do antecessor, depois de se eleger prometendo mudar tudo de A a Z.
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Ocorre que Lula fez isso no auge da fortaleza política, assim que saiu das urnas em triunfo. Bolsonaro, além de já ter tomado posse em ambiente de alta rejeição por ter sido eleito por exclusão, dá a guinada em condições amplamente desfavoráveis quando não pode impor suas condições.