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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Se uma vacina tem eficácia maior, posso exigir receber a melhor de todas?

Vacinas em fase final variam de 60% a 90% de eficácia no caso do imunizante da Oxford, enquanto concorrentes atingem níveis a partir de 94% de eficiência

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 dez 2020, 10h08

3 de dezembro, 19h22: Estou há 257 dias em quarentena. A sensação é de riscar palitinhos na parede para contabilizar a passagem do tempo e tentar manter a sanidade. Ao contrário de mim, o mundo desistiu de levar a sério a questão do isolamento social, e um tsunami de casos voltou a assolar a Itália, os Estados Unidos, o estado de São Paulo e Brasília, de onde escrevo o diário hoje. O mundo tristemente se aproxima das 1,5 milhão de mortes por Covid-19, o que equivale a banir da existência toda a população de Malta, Luxemburgo, Barbados e Islândia juntos – e ainda sobrarão corpos amontoados. O noticiário informa que tem gente que defende medidas de flexibilização para “salvar o Natal”. Continuarei trancada dentro de casa.

Às vezes acho que tomei um placebo no dia 17 de novembro, quando me apresentei como voluntária da vacina experimental testada pela farmacêutica da Johnson & Johnson. Se isso for verdade, em algum momento serei agraciada com uma dose dos imunizantes que estarão disponíveis no mercado – lá para 2022, já que não me encaixo em nenhum dos primeiros grupos definidos pelo Ministério da Saúde. A questão é: se existem vacinas que podem ter eficácia de 60% para determinadas pessoas, como a produzida pelo consórcio Oxford/AstraZeneca, e outras de 94%, como o caso da Moderna, ou na casa dos 95% nos casos da Sputnik V e do fármaco da Pfizer, os brasileiros vão poder exigir do SUS receber a mais eficiente de todas? Encaminhei minha dúvida para quem entende do assunto, o diretor-executivo do Instituto Questão de Ciência Paulo Almeida.

Paulo foi claríssimo: nunca passamos por uma situação como a de hoje, equivalente a tempos de guerra, e por isso temos de usar todas as armas disponíveis. Dito de outro jeito, qualquer vacina aprovada pelos órgãos regulatórios precisa ser aproveitada, seja a de eficiência de 60%, seja a que ultrapassa o patamar dos 90%. Ele estima que haverá pessoas recorrendo à Justiça em busca de fármacos que consideram melhores, mas é papel do Executivo sentar-se à mesa com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal e discutir caminhos para colocar ordem na casa (e conter uma enxurrada de ações judiciais). Seria como construir um plano nacional, um acordo entre instituições para que nós, brasileiros, possamos ter garantias de que vacinas estarão disponíveis em todos os rincões do país (ainda que com eficácias díspares na imunização).

“Temos que montar campanhas de vacinação mostrando por que isso é importante, por que mesmo uma vacina que tenha eficácia que não seja de 95%, mas que tenha sido dada para uma quantidade suficiente de pessoas, vai ajudar a barrar o vírus do mesmo jeito. Temos que evitar a disseminação de fake news a partir de informações desencontradas e garantir uma campanha grande para a população se sentir segura para tomar o imunizante que estiver disponível”, disse ele ao blog. Não, ninguém vai poder escolher a dose que quiser com base na eficácia declarada pelos laboratórios. Mas teremos vacinas – várias até. É um grande alento.

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