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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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O medo que nos cerca e a crise de ansiedade na madrugada

Um pico de medo, com pontadas no seio, e depois a calmaria

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 nov 2020, 11h06

20 de novembro, 1h03: Começo a sentir pontadas no seio esquerdo (o lado em que recebi a dose da vacina experimental). Solto um palavrão. Esse tipo de dor não consta da lista de possíveis danos colaterais. Releio o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde estão descritos todos os passos do estudo clínico, riscos, recomendações, tratamentos. Esse efeito adverso não está mesmo elencado como corriqueiro. E agora? Milhões de possibilidades passam pela minha cabeça – inclusive as piores possíveis. Não consigo dormir.

2h25: Sigo acordada de madrugada. Se eu tiver tomado um placebo, ele é bem eficiente em sugestionar reações. Tenho uma crise de ansiedade. Começo a considerar que talvez esteja com pouco oxigênio no sangue. Pego o oxímetro na mesa de cabeceira. O aparelho não serve como diagnóstico, mas é importante porque nem todas as pessoas infectadas por Covid-19 apresentam falta de ar. Medir a oxigenação no sangue é um quesito a mais de cautela. Nada: 99% de saturação. É medo mesmo.

Não é fácil manter a compostura em um teste clínico, já que o protocolo exige que tanto o voluntário quanto a equipe médica não saibam o que era o líquido que foi inserido em meu braço esquerdo naquela terça-feira, 17: se a vacina com princípio ativo ou uma ampola com soro fisiológico. As amostras que foram coletadas do meu corpo, como as dos demais voluntários do estudo da Janssen-Cilag, serão analisadas por uma empresa em Indianápolis, nos Estados Unidos.

O medo que vez ou outra passa pela cabeça não é exclusivamente meu. Amigos e familiares se assustaram com o dia em que tive dores por todo o corpo – as dores são normais, ocorrem após a aplicação de vários tipos de vacina e medicamentos – do antibiótico benzetacil, como me lembram leitores do Diário da Vacina, à vacina antitetânica. Sim, já tomei os dois. De madrugada, um voluntário de Porto Alegre, que tomaria sua dose experimental em breve, me relata que também está com um pouco de medo. Ele manda uma mensagem logo após receber a injeção.

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8h55: Primeira medição do dia do nível de oxigênio no sangue: 99%. Acima de 95% é considerado normal. Batimentos cardíacos monitorados também. Tudo sob controle. O dia passa tranquilamente, sem dores significativas ou sensibilidade no local da aplicação da vacina. Apenas uma leve enxaqueca.

Os documentos do estudo clínico explicam que efeitos adversos como os que senti no day-after da vacina costumam durar de dois a três dias. Recordo-me da equipe médica do experimento, que repetia à exaustão: “Sem centenas de milhares de voluntários, não haveria vacina para ninguém”.

As pontadas no seio sumiram depois que me acalmei.

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