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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Nada é mais contrário à coletividade do que vender vacinas contra a Covid

Se apenas poucas pessoas receberem a vacina, o vírus continuará a se espalhar perigosamente pela sociedade

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jan 2021, 15h22 - Publicado em 4 jan 2021, 10h22

4 de janeiro, 9h01: A clínica que me recrutou como voluntária em busca de uma vacina contra Covid-19 confirmou um novo retorno meu ao local de triagem, no fim do mês, para exames adicionais. Faço parte do grupo de segurança do estudo científico, o que significa que minhas reações ao imunizante são medidas com mais frequência para que se saiba, por exemplo, se desenvolvi anticorpos, se eles ainda persistem no meu organismo, se o antígeno de dose única produzido pela Janssen-Cilag provoca efeitos outros ou se medicamentos que eu tomo podem afetar a eficácia da vacina. Por enquanto, sigo sem sintomas de Covid-19 e também sem reações adversas há mais de um mês.

Às oito horas da manhã do dia 26 de janeiro novas ampolas de sangue serão retiradas do meu corpo e provavelmente marcarão a minha última visita ao centro clínico antes de a Janssen quebrar o duplo-cego para saber quais voluntários receberam placebo, quais receberam a vacina verdadeira e, claro, vacinar aqueles que ajudaram a ciência na pesquisa, mas fizeram parte dos 50% dos voluntários que tomaram soro fisiológico. No início de fevereiro, a empresa pretende apresentar pedido de autorização de uso para a FDA, a agência federal norte-americana responsável por avalizar medicamentos e vacinas no país.

Enquanto esse dia não chega, a discussão sobre as vacinas atingiu um novo patamar: o da possibilidade de imunizantes serem vendidos na rede privada de saúde. Nunca acreditei que o mundo sairia melhor ou mais solidário do pós-pandemia, mas mercadejar os antígenos para quem pode pagar sem antes ter vacinado em larguíssima escala a população brasileira é empurrar a crise sanitária com a barriga e mais uma vez deixar que o mais frágil seja punido.

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Senão vejamos: a pandemia não vai acabar se só você, classe média, for vacinado. Se apenas determinadas pessoas receberem a vacina, o vírus continuará a se espalhar perigosamente, com a possibilidade de mutações mais contagiosas, como a detectada no Reino Unido, continuarem nos fazendo companhia por muito tempo. A propagação do vírus só será contida se altos percentuais dos brasileiros estiverem imunizados e, para isso, nada mais eficaz do que uma política pública de ampla vacinação. Pública, frise-se.

Lembremos que o problema de restrição a milhões de doses de vacina não é o custo do antígeno em si, e sim a disponibilidade dele, já que o mundo inteiro se digladia pelo mesmo produto. Nada iria mais na contramão do senso de sociedade (e mesmo de humanidade) se fosse possível desde já oferecer vacinas no mercado privado.

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