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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Fabricantes de vacina têm critérios diferentes para definir casos de Covid

Sociedade Brasileira de Imunologia comparou as metodologias usadas nas vacinas da AstraZeneca, da Moderna e do Butantan

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jan 2021, 12h23 - Publicado em 15 jan 2021, 09h32

14 de janeiro, 18h44: Vivemos uma falsa polêmica em torno da eficácia das vacinas contra a Covid-19. Por falta de campanhas robustas de vacinação, daquelas das quais nos lembramos nos anos 80 e 90, pelo histrionismo de cloroquiners nas redes sociais, pela apatia de autoridades sanitárias e por mensagens ambivalentes de quem devia dar exemplo, o país vai começar na próxima semana a imunização de brasileiros com parte significativa da população temerosa e desconfiada. Para além dos políticos, que têm responsabilidade incomensurável e direta também no pandemônio em que se transformou Manaus, os laboratórios que desenvolvem as vacinas têm sua parcela de culpa no pseudo dilema da eficácia de cada dose.

Na corrida por lançar vacinas anti-Covid o mais rápido possível, fabricantes centralizaram seus anúncios ao público leigo no percentual que indica a chance de um paciente vacinado se livrar do contágio ou de formas graves da doença. Entre os imunizantes que já têm autorização emergencial de uso, o da Pfizer tem eficácia de 95%, o da AstraZeneca, de 62% a 90%, e a CoronaVac, de 50,38%.

Mais do que números, um ponto que deve ser levado em consideração é o fato de as fabricantes usarem critérios diferentes até para definir, em seus estudos clínicos, o que é um “caso de Covid”. Por situações como esta, cada uma chega a seu patamar de eficácia do imunizante por caminhos diferentes.

No caso da vacina da Moderna, por exemplo, de eficácia de 94,1%, foi considerado “caso de Covid” se o paciente que recebeu a dose experimental teve pelo menos dois sintomas leves (febre, arrepios, dor no corpo, dor de cabeça, dor de garganta, perda de olfato ou perda de paladar) ou um sintoma grave (falta de ar ou diagnóstico radiológico). No estudo clínico da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, não era necessário apresentar dois, mas apenas um sintoma leve e um grave, como falta de ar. Na CoronaVac, o cálculo era outro: sintomas leves como os demais, mas também era contabilizado se o voluntário teve náusea, vômito ou diarreia, opções não contempladas nas outras pesquisas.

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Quem comparou a metodologia de cada uma dessas três vacinas foi a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI). “Embora isso [ter cálculos diferentes] não pareça fazer sentido, estamos vivendo um momento histórico em que nunca houve tantas vacinas diferentes ao mesmo tempo para uma mesma doença. Não existe padronização mundial para estudos de fase 3”, disse a SBI em nota. A FDA, agência americana responsável por analisar pedidos de comercialização de vacinas, recomendou há tempos uma padronização dos métodos de pesquisa. Foi ignorada.

O médico e advogado sanitarista Daniel Dourado acredita que o país perde tempo ao discutir a eficácia de vacinas e não colocar na praça imediatamente uma campanha de vacinação para conscientizar as pessoas sobre os benefícios de se imunizarem. “Não faz sentido falar que uma vacina tem 50%, 70% de eficácia. Ficar falando disso cria na cabeça da população uma confusão, como está acontecendo agora com a CoronaVac, com pessoas achando que 50% é muito pouco, quando não é. O risco de focar na eficácia de uma vacina é deixar a população mais desconfiada, com menos propensão a se vacinar. Focar nisso ajuda os negacionistas a usar qualquer número que não seja 100% para questionar a importância de se vacinar”, afirmou ao blog.

“Precisamos de uma mensagem direta e simples: todo mundo precisa se vacinar. É a vacina que vai acabar com a pandemia. Ela é de graça, vá ao posto de saúde”, diz Dourado.

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