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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Estamos anencéfalos na pandemia, diz chefe de levantamento sobre vacinas

Desde o ano passado José Cássio de Moraes é responsável por colher dados que mostrem o motivo de os brasileiros estarem se vacinando cada vez menos

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jan 2021, 14h02 - Publicado em 18 jan 2021, 12h33

18 de janeiro, 10h08: Monica Calazans personificou na noite de domingo a imagem de um exército de profissionais de saúde que, contra terraplanistas, adoradores de cloroquina e irresponsáveis de todos os matizes políticos, tem desde o ano passado dado suas vidas para tentar salvar milhões de brasileiros contaminados pelo novo coronavírus. Ao ser a primeira de todos nós a receber uma dose da CoronaVac, a enfermeira do hospital público Emílio Ribas imunizada pelo governo de São Paulo também se transformou no sintoma mais recente da completa desorganização do governo federal no planejamento da vacinação contra a Covid-19.

Para a contenção do vírus que ceifou a vida de quase 210.000 pais, mães, amigos e vizinhos, precisamos mais do que o simbolismo da imagem de Monica estampada em todos os jornais. É urgente colocar nas ruas um plano de vacinação, fazer valer uma verdadeira logística de distribuição de doses por autoridades comprometidas com a ciência e garantir a priorização dos grupos mais vulneráveis à doença. Mas não temos nada disso. Capengas, contamos com apenas 6 milhões de doses imediatas e mendigadas em uma briga de foice por governadores e prefeitos.

Para entender como chegamos a este ponto, o blog ouviu a opinião do coordenador do inquérito nacional de cobertura vacinal José Cássio de Moraes, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, e um dos maiores especialistas no Brasil na área de imunização. “Estamos anencéfalos na área da luta contra a pandemia. Há tanta falta de ação, tantas ações desencontradas que não é possível entender, por exemplo, como as autoridades deixaram faltar oxigênio em uma cidade do Brasil. É muito mais grave do que se estivéssemos acéfalos na pandemia. Estamos anencéfalos mesmo”, diz Moraes. Desde o ano passado ele é responsável por colher dados que mostrem o motivo de os brasileiros estarem se vacinando cada vez menos e de estarem cada vez mais dando guarida às fake news e aos movimentos anti-vacina.

“Convivemos com uma completa falta de valorização, de prioridade, de compreensão por parte das autoridades do sofrimento das pessoas, das mais de 200.000 mortes e dos 8 milhões de infectados. Como resposta temos um ‘e daí?’, ou ‘é uma gripezinha’ ou ainda ‘todo mundo morre’”, afirma Moraes. “Podemos prolongar a vida das pessoas e não se pode negar isso a elas”, resume.

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Para Moraes, autoridades que transformaram a obrigação de se vacinar em uma mera questão de escolha têm enorme responsabilidade na barafunda em que se transformou o país. “Se ao tomarmos vacina podemos reduzir a doença, aí sim, a uma gripezinha, por que não tomar e acabar na UTI? Não se vacinar é escolher entre a gripezinha e a UTI. É como se estivéssemos em um avião caindo e, diante de um paraquedas com 80% de nos salvar, as autoridades sugerissem que tentássemos arrumar o avião”, analisa o médico.

“A nível federal, a comunicação está muito deficiente. No ano passado houve campanha de sarampo para a população de 20 a 49 anos, outra para cobrir doses faltantes de vacina e outra contra pólio para crianças de um a cinco anos. Quem soube disso? O governo não pode transferir sua responsabilidade na divulgação de campanhas de vacinação. Há um descaso em relação aos imunizantes, e as pessoas estão perdendo o medo das doenças que são preveníveis por vacinas”, diz.

Pela primeira na história em 2019 o Brasil não bateu a meta mínima de vacinação para nenhuma doença. Em 2020, diz José Cássio de Moraes, os dados parciais indicam cobertura vacinal ainda menor: a BCG, por exemplo, caiu de 87% em 2019 para 71% no ano passado; o imunizante contra o rotavírus, de 85% para 75%; a vacina contra a poliomielite teve queda de 84% para 74%; e a tríplice viral baixa de 93% para 78% na primeira dose e de 82% para 61% na segunda dose.

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