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Por Lucilia Diniz
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Uma picada de esperança

Enquanto todos não estiverem imunizados, ninguém estará totalmente protegido.

Por Lucília Diniz
29 abr 2021, 17h25

A expectativa não poderia ter sido maior. À medida que se aproximava o dia de ser vacinada contra a Covid, a contagem regressiva era inevitável. Havia entrado na fila um mês atrás, mas só para acompanhar meu companheiro, Luiz. A partir daí, sonhava com a minha vez. Finalmente, o cronograma oficial anunciou que a vacinação estava disponível para a minha faixa etária. Acho bobagem a atitude de esconder a idade. No meu último aniversário, já em plena pandemia, até compartilhei aqui a lembrança dos versos de Paul McCartney em “When I’m sixty-four”. Mas não se trata de “admitir” a idade, como se pudéssemos controlar a passagem do tempo. Muito mais do que isso, senti alegria e orgulho ao revelar a data do meu nascimento à profissional da saúde, enquanto ela fazia a seringa sugar do frasco aquele líquido transbordante de esperança que logo seria injetado em meu braço.

A ansiedade não é boa conselheira. Enquanto aguardava, ouvi relatos de amigas que tiveram reação à vacina. Nada sério, só o sistema imunológico mostrando que estava respondendo ao vírus inativado. Mas, ainda assim, sempre uma pulguinha se movia atrás da orelha. Além disso, nesse período de espera, notícias vindas do mundo todo provocavam perguntas básicas sobre as vacinas. Seriam mesmo seguras? Sua eficiência compensaria riscos eventuais? Eram dúvidas de uma leiga, sim, mas respaldadas em casos registrados por órgãos competentes e decisões de governos de outros países. Na Grã-Bretanha, foram registrados raríssimos episódios de trombose em pessoas que tomaram a AstraZeneca/Oxford, o que levou especialistas a analisar a associação entre a vacina e a formação do coágulo. Na Europa, alguns países suspenderam seu uso e na Índia a desconfiança reduziu o ritmo da vacinação. Quanto à Coronavac, produzida no Instituto Butantan, também enfrentou alguma rejeição inicial, antes de ser amplamente aceita como um meio seguro e eficiente de conter a Covid.

Dúvidas são normais diante de algo inédito. Nunca vacinas haviam sido desenvolvidas e aplicadas globalmente em tão pouco tempo. Mas, para mim, as perguntas que surgiam se dissolviam na certeza, calcada em evidências científicas, de que qualquer vacina é melhor do que nenhuma. E foi assim, imbuída de tal convicção, que aguardei a minha vez de receber, em um drive-thru de Itu, no interior de São Paulo, o antídoto lá ministrado – por acaso, a Coronavac.

Há pessoas que estão viajando ao exterior para se vacinar. Fazem escalas de 15 dias em algum paraíso caribenho antes de embarcar para os Estados Unidos, onde farmácias de algumas regiões não exigem muitos documentos. São pessoas com dupla nacionalidade, com conta bancária em Miami ou Nova York. Posso compreender a pressa e sei que não há nada ilegal nessa conduta. Mas acredito que soluções individuais não são o caminho. É ilusão imaginar que o fim da pandemia passa por iniciativas como essas. A tragédia que vivemos só será superada coletivamente. É sabido que, enquanto todos não estiverem imunizados, ninguém estará totalmente protegido. Sem a solidariedade elevada à escala mundial, continuaremos assustados pelo fantasma do coronavírus.

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A vacina é muito, mas não tudo. Os infectologistas têm razões para dizer que, por enquanto, cuidados com higiene, uso de máscaras e distanciamento social continuam recomendados mesmo para quem já se vacinou. Da minha parte, não baixarei a guarda. Como diz o provérbio judaico, “é bom ter esperança, mas é ruim depender dela”.

 

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