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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Saída da quarentena exige novo comportamento

Quais são os cuidados necessários para deixar o isolamento

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 30 jul 2020, 18h54 - Publicado em 25 Maio 2020, 14h20

A pressão pelo retorno às atividades tem sido cada vez maior, e nem poderia ser diferente, por todos os aspectos econômicos nefastos do isolamento social, que no entanto é o preço a ser pago para se salvar mais vidas humanas.

Atul Gawande, cirurgião, escritor e pesquisador de saúde pública, escreveu recentemente artigo na revista The New Yorker em que, baseado em aprendizados hospitalares, chama a atenção para os cuidados da saída do isolamento.

Fato é que a taxa de conversão em quadros positivos – independentemente da riqueza de sintomas dos que estão na linha de frente do atendimento – não tem sido tão expressiva face à exposição apresentada. A taxa está entre 10% e 15%, incluindo-se hospitais públicos.
Não seria o caso de buscarmos o que ali acontece para nos inspirar em modelos de saída? Essas lições apontam para uma abordagem que podemos considerar uma terapia combinada – como um coquetel de drogas.

Seus elementos são familiares: medidas de higiene, triagem, distanciamento e máscaras. E isso ganha relevo para uma mudança comportamental, mesmo porque começam a surgir casos novos em comunidades onde a pandemia já estava sob controle, o que significa que a volta às atividades poderá ser mais demorada, até que surjam uma vacina ou medicamento.

O que fazem os profissionais da saúde para se proteger?

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Em primeiro lugar, usam máscaras. De acordo com a literatura médica, o uso das máscaras de forma adequada reduz o coeficiente de transmissão (chamado R0), de 3,5 para 1,0. Isso representa forte impacto, que pode em tese reproduzir um quadro de alguém que foi vacinado.

Em segundo lugar, eles mantêm distância entre si, a não ser, obviamente, quando estão se dedicando ao cuidado de terceiros. A literatura tem várias referências à importância do distanciamento para prevenir a disseminação de doenças, como no caso da meningite da década de 80.

Na época, foram tomadas medidas para reduzir a dispersão de gotículas, que também é a forma pela qual se transmite o vírus que causa a covid-19. As gotículas são transmitidas quando as pessoas infectadas tossem, espirram, expiram ou falam (aliás, está demonstrado que falar alto gera muito mais gotículas do que falar baixo).

É por isso que o distanciamento físico é tão importante. Todos nós já aprendemos a regra dos 2 metros de distância para impedir a transmissão de gotículas contagiadas. Ainda nos hospitais foi possível aprender que é possível lançar mão de sistemas virtuais de relacionamento – eis aí mais um estimulo para refletirmos o quanto presenciais precisaremos ser em nosso cotidiano.

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Em relação à higiene, as pessoas aprenderam que limpar as mãos é essencial para interromper a transferência de gotículas infecciosas das superfícies para o nariz, boca e olhos. A frequência de lavar as mãos faz uma diferença maior do que muitos imaginam. Um estudo realizado num acampamento militar constatou que a obrigação de lavagem das mãos cinco vezes por dia reduzia em 45% as consultas médicas por infecções respiratórias.

Uma pesquisa sobre o surto de coronavírus Sars de 2002 descobriu que lavar as mãos mais de dez vezes por dia reduzia ainda mais a taxa de infecção das pessoas. A desinfecção de superfícies também ajuda e a frequência provavelmente importa, embora eu não tenha encontrado uma boa pesquisa sobre isso.

A chave, ao que parece, é lavar ou higienizar as mãos toda vez que você entra e sai de um ambiente de grupo e a cada duas horas enquanto está nele, além de desinfetar superfícies de alto toque pelo menos diariamente.

Medidas como estas, incorporadas a um padrão cultural nacional, servem de base para a saída do isolamento e como mecânica de vida que deverá perdurar até a vinda da vacina e ou de medicamentos. Isso não é caro, nem barato – é apenas necessário.

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