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O jogo eleitoral irresponsável de Bolsonaro com a Petrobras

Ao tentar conter efeitos da alta dos combustíveis em sua popularidade, presidente sapateia em cima da reputação da companhia dentro e fora do Brasil

Por Clarissa Oliveira 3 nov 2021, 10h37

Não bastassem as sucessivas declarações questionando a política de preços da Petrobras e as recentes especulações sobre privatizar a empresa, o presidente Jair Bolsonaro foi mais longe na última segunda-feira. Do outro lado do mundo, onde deveria transmitir confiança e credibilidade a possíveis investidores estrangeiros, declarou com a maior naturalidade que recebeu de maneira “extraoficial” a notícia de que haveria um novo reajuste de preços nos combustíveis daqui a 20 dias.

A fala é uma bofetada na credibilidade da Petrobras quando o assunto é o fluxo de informações estratégicas a seus acionistas. Ao ponto de a empresa precisar vir a público para desmentir ninguém menos que o presidente da República. Foi preciso emitir um comunicado ao mercado, no qual a companhia declarou que “não antecipa decisões de reajuste”.

Também na visita à Itália, onde participou da reunião do G20, Bolsonaro chegou a dizer ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em uma conversa informal registrada pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, que a Petrobras “é um problema”. E voltou a falar em privatizar a companhia. Isso poucos dias depois de ir às redes sociais para criticar a lucratividade da empresa.

Em tese, não é nenhum absurdo o governo falar em privatização da Petrobras. Pelo contrário. Afinal, este é um governo que se elegeu com a promessa de ser “liberal na economia”. O problema é que a agenda de privatizações simplesmente não andou desde o começo da gestão. E é óbvio que nem mesmo o mais crédulo dos governistas enxerga viabilidade num processo de venda da empresa antes do fim do mandato do presidente.

Ao sapatear em cima da reputação da Petrobras, Bolsonaro, tenta a qualquer custo reverter os efeitos da alta nos preços dos combustíveis em sua popularidade. E, naturalmente, alimentas os passos de outros potenciais candidatos à Presidência na mesma direção.  Nas últimas semanas, por exemplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje tido como principal adversário de Bolsonaro, fez críticas à gestão da empresa e atacou a política de preços atrelada ao mercado internacional.

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No PT, o assunto passou a ser tema de reuniões internas e sugestões de dirigentes para a campanha do ano que vem. Há até quem defenda uma espécie de “privatização social” da companhia. Segundo um líder petista, o dinheiro proveniente da venda de ações da empresa ou parte de seus lucros poderiam servir para subsidiar o transporte público nacionalmente, por exemplo.

Ciro Gomes, do PDT, também entrou na dança. Disparou que, se for eleito, vai reverter qualquer tentativa de privatizar a Petrobras. “Se venderem, eu tomo de volta com as devidas indenizações”, afirmou. João Doria, do PSDB, também já se posicionou abertamente a favor da privatização da companhia.

E, assim, o baile segue, com o futuro da empresa, de sua política de preços e a venda de suas ações na boca dos mais diversos interessados na sucessão presidencial. A questão por trás desse debate não é se a Petrobras deveria ou não ser privatizada. E sim até onde o presidente Jair Bolsonaro está disposto mexer com a reputação da empresa em nome da reeleição.

 

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