Um bilhão de pessoas vive em favelas e a crise dos refugiados só acelera o problema, diz a ONU
Em encontro em Nova York, o órgão aponta para a importância das cidades e da criação de espaços públicos e habitação como forma de promover a integração
Na semana passada, a ONU organizou um encontro em Nova York para falar de dois temas que, embora não pareçam, estão intimamente ligados: refugiados e urbanização sustentável. Há hoje no mundo todo um bilhão de pessoas vivendo em favelas, tendência impulsionada justamente pela onda de refugiados que se instalam em condições precárias em cidades de vários países. E não há solução que não seja global tanto para a crise dos refugiados quanto para o clima.
Segundo dados divulgados no encontro, esses migrantes vivem em média 17 anos em campos de refugiados. Ou seja, os locais que os acolhem não são instalações temporárias, e sim permanentes. Se forem bem planejadas, poderão contribuir para que, em vez de problema, o contingente de refugiados se torne um ativo.
“Se essas pessoas forem incorporadas, teremos prosperidade urbana e dinamismo econômico. Por outro lado, ao discriminá-las, estaremos retardando o progresso e semeando a violência urbana”, diz o vice-secretário geral da ONU Jan Eliasson.
Para o crítico de arquitetura do The New York Times Michael Kimmelman, presente no encontro, a arquitetura tem um papel crucial nessa integração. As próprias cercas são um tipo de arquitetura que fecha fronteiras, e os campos de refugiados acabam sendo alienantes e opressivos. A chave da transformação é apostar no design e na criação de espaços públicos e de habitação digna para essas pessoas.
Na visão da ONU, os refugiados devem ser cocriadores das cidades que habitam, totalmente integrados a elas. E as cidades que fizerem isso estabelecerão uma relação de ganha-ganha baseada em diversidade e crescimento. Infelizmente, o que prevalece hoje é uma abordagem fragmentada, anti-urbana e marcada pela negação da presença dessas pessoas. “A migração é, na verdade, uma força urbana inerentemente positiva”, afirma Eliasson. “Mas precisamos de esforços melhores, mais coerentes e coordenados para lidar com a questão”.
Por Mariana Barros
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