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Por Coluna
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Queridos homens

Basta fazer uma escolha entre a masculinidade tão máscula que protege as mulheres e a masculinidade tóxica que as brutaliza

Por Valentina de Botas
Atualizado em 30 jul 2020, 20h01 - Publicado em 22 jan 2019, 16h41

Valentina de Botas

A Gillete, fabricante de lâminas e produtos de higiene pessoal, lançou uma propaganda nos Estados Unidos que deu o que falar na semana passada. A essa altura, a maioria dos leitores deve ter visto a peça publicitária em que homens assediam mulheres, aborda-as em diferentes ambientes de modo cafajeste. Eles são impedidos por outros… homens. Esse detalhe parece não ter sido notado pela maioria das reações aqui, no Brasil, de homens ofendidos-oprimidos e de mulheres bravas com o “preconceito” da Gillete contra seus bons pai, marido, irmão, namorado, filho, amigo e tal. Toda essa gente brava considera que a empresa teria assumido que o cafajestismo é o comportamento padrão masculino. Realmente não vi assim. A mim pareceu que a propaganda convida a uma reflexão sobre qual grupo um homem prefere integrar. Ao mostrar como homens decentes interferem para proteger ─ por que não? ─ as mulheres ameaçadas, está dizendo que há duas maneiras de agir, e não um padrão; ao homem cabe escolher. Por que a maioria dos que se manifestaram não destacou os homens decentes do comercial? Por que acusar a Gillete de preconceito ou de incorrer no politicamente correto, se a ação protetora dos homens, no comercial, é uma paulada exatamente no politicamente correto? E adorei ver os homens reagindo contra os agressores.

A reação raivosa ao comercial resulta no que denuncia: a generalização e o preconceito. Pelo que li e ouvi, não se pode mostrar que há homens cafajestes sendo cafajestes nem os convidar, como faz a Gillete, a “barbear sua masculinidade tóxica”, ou isso sugeriria que nenhum homem presta. A crítica ao que a Gillete não fez generalizou as denúncias de assédio e movimentos feministas como coisa de ressentidas peludas, esquecendo-se de que há feministas contrárias ao radicalismo, lindas, lúcidas, corajosas e que se depilam (já parece que isso se tornou uma categoria de pensamento). Escrevi mais de uma vez que o feminismo radical considera a realidade uma opção e perdeu o bom senso e o foco: transformou-se numa discurseira deformada pela atribuição seletiva dos direitos femininos a mulheres com pedigree ideológico. Quem não se lembra do silêncio das feministas que evitaram ser solidárias quando Luiza Brunet foi agredida pelo então namorado? Sabemos que ela não faz parte da catedral ideológica em ruínas que o feminismo abestado resolveu habitar, trocando uma luta necessária por uma pantomina ideológica inútil para as mulheres. O que dizer também da pálida e rara manifestação diante do monstruoso João de Deus, que já deveria ter trocado de nome? Do sumiço da indignação contra o que penam as mulheres em países onde são vistas e tratadas institucionalmente como bichos, a exemplo das teocracias islâmicas? No Brasil, tal feminismo prefere fazer da intimidade dos casais uma causa a cobrar o poder público por mais creches de modo que uma mãe tenha onde deixar os filhos e poder trabalhar. Esse é um problema real que as mulheres de manual das quais o feminismo se ocupa não têm.

Por falar em manual, a propaganda da Gillete tem ainda o mérito de, ao contrastar duas atitudes masculinas, explicitar que o assédio não é coisa-de-homem, que homem-é-assim-mesmo coisa nenhuma, que basta fazer uma escolha entre a masculinidade tão máscula que protege as mulheres e a masculinidade tóxica que as brutaliza e, por consequência, os faz menos homens. O comercial faz, na verdade, uma merecida homenagem aos homens decentes, felizmente a maioria ou, vamos combinar?, as mulheres não teriam alcançado os direitos de que desfrutam no Brasil, nos Estados Unidos e nas demais sociedades democráticas.

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Tá boa, santa?

Não assisto à Rede Globo há anos, não é por nada, só não gosto e prefiro não assistir a ficar praguejando contra uma coisa que nada nem ninguém me obriga a fazer. Há algum tempo, ela degenerou num carro alegórico de causas panfletárias das mais desconectadas das realidades do país, compatíveis com um Brasil cenográfico existente apenas no Projaquistão. Foi no Youtube que vi uma jornalista de lá dizer que Boris Casoy deixou de fazer uma pergunta importante a Flavio Bolsonaro. A Globo. Sim, a Globo. A Glo-bo! Simplificando a coisa, é aquela uma cujo jornalismo tratava Sérgio Cabral, Lula e Dilma de modo que ninguém desconfiasse que aquilo era jornalismo. A pergunta que faltou, na opinião da Globo, tinha a ver com os 48 depósitos de R$2.000,00. Concordo, Boris deveria ter perguntado. Mas criticando Boris Casoy, a Globo atestou sua ética banguela: sabe fazer o que deve ser feito quando lhe interessa. Havia dois lulas e duas dilmas que não lhe interessava. Depois do senador recém-eleito dizer que explora a franquia da fantástica loja de chocolates, que vende e compra imóveis, que é empresário e tal, a pergunta que Boris deveria ter feito para solucionar o claro enigma era a que horas o enrolado filho do presidente dava expediente como deputado em prol da população do Rio de Janeiro, o estado destruído por Cabral e sua gangue companheira aos quais a Globo jamais aplicou a lição que quis dar a Boris Casoy, preferindo garantir-lhes palco e aplausos.

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