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Por que em Curitiba?

A velha forma de se fazer justiça no Brasil não atende mais aos anseios da sociedade. Na verdade, nunca atendeu

Por David Coimbra
Atualizado em 30 jul 2020, 20h29 - Publicado em 26 abr 2018, 10h45

David Coimbra (publicado na Zero Hora)

A Lava-Jato só seria possível em Curitiba. Em São Paulo, ama-se muito o dinheiro para sediar uma operação desse tipo. No Rio, ama-se demais a malandragem. Em ambas as cidades, as investigações seriam interrompidas já no começo. Em São Paulo, pela força dura da grana. No Rio, pelo poder mole da delinquência afável.

Em Porto Alegre, a Lava-Jato também não vicejaria, porque a cidade, como nenhuma outra do país, vive atormentada pela ideologia. Porto Alegre é a capital do fundamentalismo. Qualquer fundamentalismo. Não há a suavização do pragmatismo paulista ou da tolerância carioca. Há uma estúpida nobreza de sentimentos que torna tudo rascante, tudo caso de confronto. O sujeito não é um idiota, mas age como um idiota porque acha que é o certo a fazer. O que, em geral, o transforma em um idiota. E emperra a cidade porque há oposição a tudo e, sempre, oposição incondicional.

Em Curitiba, há uma elite cultural parecida com a porto-alegrense, de boa formação cultural. Só que, em Curitiba, essa elite cultural está a salvo da tacanhice ideológica. Há, também, boa qualidade de vida, como em São Paulo, sem o exagero da riqueza obscena. E certa dose de cosmopolitismo, como no Rio, sem o contágio da doce parceria na contravenção.

Por estar longe demais das capitais, Curitiba teve tempo e ambiente para se transformar na matriz de uma nova casta de funcionários públicos que se formou no país. Eles estão em praticamente todos os Estados, mas em Curitiba tiveram tranquilidade para se desenvolver e, por fim, agir. São jovens sérios, honestos, modestos e trabalhadores, que querem o bem do Brasil. São quase monótonos, de tão certinhos. Como é Curitiba.

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Se você acompanhou o julgamento de Lula no TRF4 e viu algum outro, qualquer outro, do STF, terá a exata dimensão do que estou tentando dizer. Há dois tipos de entendimento de Justiça no Brasil. Um, antigo, barroco, lento, de origem lusitana, representado principalmente pela primeira turma do STF, aquela formada por Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Lewandowski e o decano Celso de Mello. Esses juízes se expressam de forma tortuosa, seu verbo é gótico, eles são grandiloquentes e empertigados. Eles defendem uma Justiça morosa, cartorial, carregada de possibilidades recursais, trâmites obscuros e impedimentos regimentais. Gilmar Mendes chama-a de “libertária”, quando, na verdade, é apenas leniente. É a Justiça tardia, que não se faz jamais. Ou seja: a Justiça injusta.

Já o TRF4 protagoniza uma Justiça de modelo anglo-saxão, prática, direta, que não se deixa burlar por pormenores regimentais. Esses juízes não admitem a esperteza jurídica. Se uma das partes tenta usar a letra da lei para embair a própria lei, eles logo apontam a má-fé. E a punem.

É essa a Justiça que a sociedade brasileira está exigindo. São servidores com esse estofo de que os cidadãos brasileiros precisam, no século 21. A lei não é imutável. A lei muda de acordo com a necessidade da sociedade. A velha forma de se fazer justiça no Brasil não atende mais aos anseios da sociedade. Na verdade, nunca atendeu. O Brasil quer ser cada vez mais parecido com a República de Curitiba. E será.

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