O que realmente move a economia não é o consumo. É a poupança
O comentarista João enviou um texto sobre a economia brasileira que merece ser exposto nesta Feira Livre. Confiram: O que está sendo feito no Brasil é uma versão piorada das políticas econômicas dos países pelo mundo. O problema reside no fato de que damos a uma entidade o poder de imprimir dinheiro e se endividar, […]
O comentarista João enviou um texto sobre a economia brasileira que merece ser exposto nesta Feira Livre. Confiram:
O que está sendo feito no Brasil é uma versão piorada das políticas econômicas dos países pelo mundo. O problema reside no fato de que damos a uma entidade o poder de imprimir dinheiro e se endividar, esperando que, um dia, essa mesma entidade pague as contas. Para desenvolver a economia, foram criados mecanismos de financiamento e concessão de crédito tão complexos que nem mesmo muitos economistas conseguem entender direito. Não há como evitar que o dinheiro chegue primeiro a quem tem informações privilegiadas ou tem boas relações com quem fornece esse dinheiro.
Como a conta não pode ser paga, ela é novamente rolada. É uma bola de neve, que levará a uma catástrofe econômica inevitável. Pode levar muitos anos, mas ocorrerá um dia. Basta analisar as dívidas públicas pelo mundo afora. Elas podem ser pagas? Como? Que país na Europa conseguiria implementar as reformas de desestatização necessárias para possibilitar o pagamento da dívida? O povo aceitaria ter pago impostos por décadas e, no final das contas, ver toda a estrutura criada com esse mesmo dinheiro ser desfeita porque não há mais dinheiro para a manutenção?
O maior erro da economia mundial é a ideia ridicula de que é possível gerar riqueza imprimindo quantidades obscenas de dinheiro. O que realmente move a economia não é o consumo, mas a poupança, ou seja, o dinheiro que realmente existe na economia. O cidadão poupa, e esse dinheiro poupado pode ser usado para investimentos. A riqueza é gerada com a aplicação correta do investimento na otimização dos recursos. Por exemplo, você pode comprar todos os ingredientes de um chip de computador e dar para um cavalo comer, ou criar um chip de computador. É claro que a última opção é a que gera riqueza verdadeira.
O que os governos fazem, atualmente, é gerar dinheiro através do endividamento. Com isso, tem-se a ilusão de que há mais recursos na economia do que os realmente existentes. Esse dinheiro ajuda quem tem melhores ligações com os governos. Ocorre um desequilíbrio na economia. Ao mesmo tempo, há o crescimento artificial da oferta monetária, ou seja, uma bolha. O resultado lógico é a explosão dessa bolha, já que é impossível uma economia crescer constantemente por longos períodos.
Isso dependeria de uma aplicação correta dos recursos o tempo todo, coisa que não ocorre. Para piorar, o dinheiro chegou primeiro na mão de quem sabia como obter o dinheiro (e não de quem poderia usar melhor esse dinheiro). O que seria uma recessão – processo natural de ajuste da economia quando maus investimentos deixam de ser sustentáveis – passa a ser visto como um grande problema. Para salvar a economia dos maus investimentos, injeta-se mais dinheiro na economia!
Por que o Brasil é uma versão piorada dessas políticas econômicas? A corrupção no Brasil faz a Grécia parecer um país de clones da Madre Teresa de Calcutá. O apadrinhamento e o uso de cargos públicos como cabide de empregos para satisfazer a sanha dos partidos é notória. Na Europa, a descoberta de um escândalo de corrupção pode realmente levar a um problema para os políticos. No Brasil, praticamente nada acontece. Ou seja, na política do Brasil, há muito espaço para maracutaias, negociatas, dinheiro fácil para empresários com boas ligações com o governo.
O PSDB não é tão diferente, mas o PT é simplesmente apaixonado pelo arranjo empresas+governo. Esse arranjo é até visto como algo positivo por muita gente! A cereja do bolo no Brasil é a imensa vontade que o brasileiro tem de se iludir. O brasileiro não gosta de confronto. Prefere fingir que está tudo bem. É muito resistente a críticas. Enxerga os críticos como pessimistas de plantão.