O adeus da coluna a Wilson Martins, por Deonísio da Silva
Autor de livros admiráveis, meu amigo Deonísio da Silva é uma das grifes que enriquecem a coluna com comentários sempre luminosos. Nesta quarta-feira, esse escritor de primeira linha resumiu em dois parágrafos a grandeza do crítico literário Wilson Martins, o professor exemplarmente íntegro que se foi com janeiro. A coluna se vale do texto de Deonísio da Silva para despedir-se do talento que o Brasil […]
Autor de livros admiráveis, meu amigo Deonísio da Silva é uma das grifes que enriquecem a coluna com comentários sempre luminosos. Nesta quarta-feira, esse escritor de primeira linha resumiu em dois parágrafos a grandeza do crítico literário Wilson Martins, o professor exemplarmente íntegro que se foi com janeiro. A coluna se vale do texto de Deonísio da Silva para despedir-se do talento que o Brasil perdeu.
Wilson Martins foi muito melhor professor e crítico do que Antonio Candido, mas não foi um dos fundadores do PT, não se submeteu ao bolchevismo universitário, não assinou manifestos a favor ou contra coisa alguma, já que viveu a vida inteira esquecido, ora na Universidade de Nova York, ora na Curitiba que ele, paulista, escolheu para viver. Mas veio dele a coragem de dizer que Chico Buarque plagiara a estrutura e o modo de narrar de seu romance de estreia e a ousadia de definir Paulo Coelho, não como romancista, mas como um caso à parte: o de um escritor que fazia sucesso por ter pegado a onda do esoterismo no momento certo, fazendo coincidir sorte e esperteza. Ele mesmo dizia: “não comento autores, comento livros”.
Fez a história da literatura brasileira de 1500 a 2009, acompanhando os lançamentos e garimpando neles o que achava relevante. Antonio Candido data sua história de nossas letras na segunda metade do século XVIII e vem até 1930. E nas universidades só se cita ele. Há décadas. Wilson Martins integra a multidão de esquecidos para que poucos possam aparecer louvados pelos mesmos de sempre.