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Por Coluna
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Nenhum brasileiro é uma ilha

De um modo geral, não tenho ansiedade com meu trabalho, exceto com cumprir prazos

Por Fernando Gabeira
Atualizado em 30 jul 2020, 20h25 - Publicado em 19 jun 2018, 10h56

Fernando Gabeira (publicado no Globo)

No dia da estreia do Brasil na Copa, resolvi subir a montanha para conhecer o lago de Kezenoy. Duas horas de viagem, numa estrada sinuosa, cheia de cabras e vacas. Queria relaxar e fazer um vídeo curto sobre a montanha chechena. Relaxar e filmar paisagens, para mim, são sinônimos.

De um modo geral, não tenho ansiedade com meu trabalho, exceto com cumprir prazos. Mas, como torcedor, no momento em que a Copa começa para todo o Brasil, domingo era um dia especial. Aqui na Chechênia, gostam do futebol, mas não tanto quanto nós.

Visitei o hotel onde está a seleção egípcia, cuja estrela é Salah. A Chechênia é muçulmana. Ele é um craque da mesma religião, um ídolo no mundo árabe. O estádio construído para os treinos egípcios e o novo hotel erguido com capital árabe estão num quarteirão bloqueado pela polícia.

Meu filme seria mudo, pois meu diálogo com o motorista e todos os outros possíveis personagens era feito com ajuda de aplicativos de tradução. Mesmo assim, ele parecia saber que eu era do Brasil. Disse qualquer parecida com “Hoje, Brasil. Marcelo super”.

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Foi uma viagem muito bonita, um dia de sol. Paramos para tomar água na montanha. Diante da fonte, havia uma foto de Akhmad Kadyrov e seu filho Ramzan, presidente da Chechênia.

O estádio de futebol se chama Arena Akhamad Kadyrov; no rádio do carro, segundo o motorista, tocava uma canção sobre Akhmad; em todo lugar há um retrato dele. Akhmad morreu num atentado. Sua presença é tão disseminada que os críticos de Sarney no Maranhão iam achá-lo discreto se visitassem a Chechênia.

Na descida da montanha, um acidente. Começou a chover e cair pedra na estrada. Uma imensa barreira, com pedra, água e barro, bloqueou o caminho. Fiquei assustado, o motorista também. Será que ia perder o jogo do Brasil? Ele me confortou dizendo que, se saíssemos muito tarde, poderia ver na televisão de um tio dele no vilarejo de Harachoy. Mas o tio morava a quatro quilômetros montanha abaixo. Como descê-la com chuva e equipamento nas costas?

Felizmente, ao contrário dos motoristas bloqueados na Transamazônica, dois tratores vindos de direções diferentes resolveram a situação em três horas. A estrada continuava perigosa. Na subida, a névoa já era envolvente. Quase não vimos uma cabra que amamentava o filhote no meio da estrada.

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O motorista mostrou a tabela da Copa no telefone, apontou para o jogo da Alemanha com o México e fez um sinal de que este iria para o espaço. Dei de ombros: afinal, minha questão era o jogo do Brasil. Independentemente do resultado, ele, eu e o tio vivemos juntos a mesma expectativa.

O Presidente da Chechênia deve ter acompanhado o jogo. Razam Kadyrov gosta do futebol brasileiro e, uma vez, trouxe para um jogo aqui Romário, Bebeto e Cafu. Mas o presidente da Chechênia escolheria um jornalista estrangeiro como a penúltima opção para compartilhar um grande jogo. A última certamente seria um gay.

Mas isso é um outro jogo, sobre o qual falaremos um dia. A emoção da estreia passou.

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