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Por Coluna
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Não à corrupção

Como as pessoas podem endossar um movimento que lhes causou tantos prejuízos? Não se importam em ficar sem gasolina ou pagar o dobro pelo quilo de batata?

Por Carlos Alberto Sardenberg
Atualizado em 30 jul 2020, 20h25 - Publicado em 15 jun 2018, 15h20

Carlos Alberto Sardenberg (publicado no Globo)

A ampla maioria da população brasileira apoiou a greve dos caminhoneiros. Ainda apoia. Pesquisas mostram isso, assim como a minha própria observação como apresentador do programa “CBN Brasil”. As manifestações dos ouvintes por e-mail e WhatsApp indicaram clara tendência: os caminhoneiros tinham o direito de fazer o que fizeram.

Há razões para estranhar: como as pessoas podem endossar um movimento que lhes causou tantos prejuízos? Será que não se importam em ficar sem gasolina ou pagar o dobro pelo quilo de batata?

Não é simples assim. As pessoas ficaram de bronca, reclamaram intensamente da falta e do preço das coisas, mas, esse é o ponto, achavam que não era culpa dos caminhoneiros. De quem, então? Fácil: do governo, dos políticos em geral e dos corruptos em particular.

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Tanto é assim que as pessoas não gostaram nada das soluções propostas pelo governo Temer, especialmente o subsídio incluído no preço do diesel. Muitos entenderam que se tratava de dinheiro público, que vinha da arrecadação dos impostos pagos por todos, mas achavam que o governo não devia fazer isso.

Resumindo: por culpa do governo, os caminhoneiros, assim como a maior parte da população, passavam por momentos de dificuldade. A paralisação, portanto, era uma arma legítima. Do mesmo modo, os sacrifícios impostos às pessoas eram consequência da incapacidade do governo em resolver a situação. Logo, querer aumentar imposto para pagar a conta dos caminhoneiros não fazia o menor sentido.

Mas se não há subsídio grátis, como pagar?

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Fácil, respondiam nossos ouvintes: cortando salários e outras vantagens de políticos e, sobretudo, cobrando o dinheiro da corrupção.

Mudemos de assunto, para a Previdência. Pesquisa nacional do instituto Ipsos, patrocinada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida, Fenaprevi, mostrou que a metade dos entrevistados (51%) entende que nosso regime de aposentadoria é sustentável. Apenas 28% acham que modelo exige reforma e 21% não têm opinião.

Por outro lado, também uma metade dos brasileiros (49%) acha que o assunto deve ser tratado pelo próximo presidente. E uma maioria de 43% afirma que será necessário fazer uma reforma no futuro, contra 38% para os quais o modelo não requer mudanças nem hoje nem mais à frente.

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Com reforma ou sem reforma, a maioria espera se aposentar antes dos 65 anos e afirma que será totalmente dependente do sistema público. A maioria não sabe qual será o valor do benefício, mas desconfia que não será suficiente. Nada menos que 60% acham necessária uma previdência complementar.

Não que a façam — 63% dizem que não fazem investimentos para o futuro.

Resumindo: o sistema é sustentável, a aposentadoria está garantida, mas não será suficiente para uma vida confortável. Seria bom ter uma Previdência complementar, se houvesse dinheiro para poupar.

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E se houver algum desequilíbrio nas contas da Previdência pública? Quem paga? As próprias pessoas, trabalhando mais e se aposentando mais tarde? A resposta é não. Aumentar o valor da contribuição? Negativo. Diminuir o valor da aposentadoria? Também não.

Então não tem problema algum?

Tem — e o leitor já adivinhou: a corrupção. Nada menos dos que 75% dos entrevistados pela Fenaprevi acham que o maior problema do sistema é a roubalheira e o desvio de verbas. E, de novo, cobram a conta dos políticos.

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Olhando os fatos, sem ideologias, é evidente que há um enorme problema na Previdência, tanto a do INSS quanto na dos servidores públicos. Aliás, dois desequilíbrios. Primeiro, o dinheiro arrecadado com as contribuições não é suficiente para pagar as aposentadorias. Há um déficit crescente, em ritmo vertiginoso. Segundo, o gasto previdenciário total alcança 13% do PIB, nível de países ricos e velhos.

Voltando aos caminhoneiros, está claro que as suas reivindicações, sem exceção, pediam subsídios, dinheiro público e preços favoráveis tabelados. Ou seja, estavam mandando a conta para algum outro lado da sociedade. Por isso mesmo, não está dando certo.

Tudo considerado, a situação do país é ainda mais complicada do que se sabia. Não apenas há uma crise nas contas públicas e numa economia travada por mecanismos errados. Há um déficit de percepção. Há muita corrupção no Brasil, os políticos estão fazendo de tudo para serem desprezados, mas não se vai pagar as contas simplesmente botando todos para fora, ou melhor, na cadeia.

Vai daí que ou elegemos um presidente que consiga convencer a população sobre a necessidade de reformas — e diga claramente quais reformas, com o fizeram Macri e Macron — ou não haverá políticos suficientes para culpar e prender.

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