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Marcos Troyjo: O fim da lua de mel Trump-Putin

O ataque norte-americano à Síria mudou tudo

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h57 - Publicado em 15 abr 2017, 23h35

No transcorrer de 2015-2016, o mundo observou uma inusitada aproximação. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, cobriu de elogios o candidato a candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano, Donald Trump. Tais afagos foram retribuídos em amplas doses.

Putin, antes mesmo da confirmação de Trump como o escolhido pela Convenção Republicana, chamava-o de “líder inconteste” da corrida presidencial norte-americana. Trump, por sua vez, lembrava que Putin havia sido imensamente gentil com a organização de uma das edições do concurso Miss Universo que teve lugar na Rússia sob os auspícios das Organizações Trump.

Trump indicava: “nunca conheci Putin pessoalmente, mas não seria ótimo se EUA e Rússia parassem de conflitar e trabalhassem juntos, por exemplo, na luta contra o Estado Islâmico?”

A empatia mútua gerou uma série de especulações. Trump manteria negócios pouco transparentes com os russos. Vários assessores de Trump, de seu ex-coordenador de campanha Paul Manafort ao ex-Conselheiro Nacional de Segurança Michael Flynn, teriam relações “inapropriadas” com os russos.

Rex Tillerson, atual secretário de Estado dos EUA, seria íntimo demais do círculo do Kremlin em virtude se suas funções anteriores como presidente da ExxonMobil. Os russos teriam fotos e dossiês constrangedoresda passagem de Trump por Moscou.

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E, acima de tudo, haveria uma suposta “cooperação” entre o grupo de Trump e a inteligência russa. Tanto mais por haver crescentes evidências de que os russos bisbilhotaram eletronicamente a campanha de Hillary Clinton. Numa fala pública, Trump, ainda que de forma retórica, pede à Rússia que divulgue e-mails supostamente perdidos de Hillary durante o período em que ela foi titular da diplomacia dos EUA.

Essa proximidade Trump-Putin gerou algum entusiasmo em Moscou, sobretudo no intervalo de tempo entre a eleição de Trump e sua posse em 20 de janeiro último.

Com Trump, a Rússia imaginava que poderia ver rapidamente levantadas as sanções que o Ocidente lhe impôs em decorrência da anexação da Crimeia. A crítica de Trump à Otan também soava como música aos ouvidos do Kremlin, que projeta no enfraquecimento relativo da cooperação ocidental no Atlântico Norte e no desmantelamento da União Europeia alguns de seus principais objetivos de política externa.

O ataque norte-americano à Síria no último dia 6, no entanto, mudou tudo. Em Moscou, a “linha-dura” nas forças armadas e na chancelaria ligou o “modo Guerra Fria”, com posturas e pronunciamentos típicos do período de competição entre as então superpotências. Em Washington, justamente às vésperas de uma viagem do secretário de Estado Tillerson à Rússia, parece que os “falcões” de política externa, tão comuns nos “ninhos” do Partido Republicano, voltaram a moldar a política vis-à-vis Moscou.

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Nos últimos cinco dias, o que poderia ser uma lua demel voltou a ser um frio e pesado “jogo-de-soma-zero”, à imagem do que se passava durante o período bipolar. O departamento de Estado acusa a Rússia de incompetência na gestão da crise síria e de encobrir as capacidades de Assad no campo das armas químicas.

Moscou, por seu turno, argumenta que o recente ataque de mísseis à Síria não se deu ao amparo de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. E, ao atribuir erroneamente a culpa do ataque químico às forcas governistas, Washington simplesmente reforça o componente terrorista que, segundo os russos, está infiltrado nos setores oposicionistas ao regime de Damasco.

Em sua caminhada ao poder, Trump seguramente flertou com o caráter de “força” e “autoridade” que emana do Kremlin de Putin. E este, claro, viu no bilionário nova-iorquino alguém desprovido de preconceitos contra a Rússia —sentimentos tão presentes no tradicional establishment diplomático e de segurança em Washington.

A reação da Casa Branca ao ataque químico na Síria interrompeu a lua de mel Trump-Putin. A partir de agora, ainda que sobrevivam traços de empatia entre os dois líderes, o mais provável é que Washington e Moscou retomem seu histórico patamar de desconfiança e estranhamento mútuos.

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