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Marcos Troyjo: Colapso do ‘mini Trump’ simboliza junk government

Scaramucci, há duas semanas alçado ao cargo de diretor de comunicações da Casa Branca, na última segunda foi humilhantemente defenestrado de seu posto

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h48 - Publicado em 5 ago 2017, 23h49

No dia seguinte à eleição de Trump em novembro do ano passado, um amigo nova-iorquino mandou-me uma mensagem de parabéns. “Por quê?”, perguntei, já que não estava em medida alguma torcendo por sua vitória. Ele me respondeu: “porque agora, com Trump, é garantido que os EUA terão uma cena política tão ridícula, embaraçosa e disfuncional quanto a brasileira.”

No plano internacional, a julgar pela superficialidade do que Trump pregou como postulados de política externa durante sua campanha, também a nova fase bizarra da atuação dos EUA no mundo já mostrava seus sinais. A Foreign Affairs ou o Project Syndicate, grandes plataformas de publicação sobre temas internacionais, estampavam no período de Trump como presidente eleito títulos de artigos como “A tragédia americana”, “O fim do soft power dos EUA”, ou o apropriadíssimo “Caudilho Americano.”

Para tentar mostrar que muitos estavam equivocados, sobretudo nas camadas da “elite globalista”, Trump despachou um único emissário ao último Fórum de Davos. Coube a Anthony Scaramucci, ex-financista de Wall Street e no início do ano uma espécie de relações públicas informal de Trump, dizer que o mundo estava errado.

Numa atuação que conseguiu balançar a opinião de bastante gente e que já tive oportunidade de comentar na coluna, Scaramucci indicou que o novo presidente dos EUA buscaria “atualizar a globalização”, pregando comércio justo e a modernização de estruturas tradicionais como a Otan ou o FMI. Defenderia também um reset de acordos como o Nafta, para assim alinhar-se com novos tempos em que, no mundo, os EUA são protagonistas, mas não hegemônicos.

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Justamente esse Scaramucci, há duas semanas alçado ao cargo de diretor de comunicações da Casa Branca, na última segunda (31) foi humilhantemente defenestrado de seu posto. Nas pouco mais de 240 horas em que exerceu o cargo, conseguiu derrubar Reince Priebus e Sean Spicer, respectivamente chefe de gabinete e secretário de imprensa da Casa Branca. Confidenciou a Ryan Lizza, redator da New Yorker, impropérios sobre a equipe do presidente que renderam a maior audiência da história do site da revista e ainda comparações com os personagens mafiosos interpretados pelo ator Joe Pesci.

Scaramucci, dentre outros apelidos, era conhecido nos círculos de Nova York e Washington como “mini Trump”. A caracterização deve-se menos à sua baixa estatura e mais ao estilo abrasivo e politicamente incorreto do presidente. Também à fidelidade canina que Scaramucci passou recentemente a devotar seu agora ex-chefe. O “mini Trump” chegou ao ponto de não comparecer ao nascimento de seu segundo filho na semana passada para estar com o presidente a bordo do Air Force One num compromisso de menor importância junto a uma associação de escoteiros no Estado da Virgínia Ocidental.

Nesses seis meses de presidência Trump, praticamente tudo que diz respeito à atuação direta da Casa Branca é de uma brutal inoperância. Os EUA abandonaram o TPP (Parceria Transpacífico) e não conseguiram mover um centímetro adiante sequer no novo mantra da negociação via acordos bilaterais. Mesmo com o Reino Unido pós-brexit — que parece uma aposta óbvia — há que aguardar os termos definitivos do divórcio Londres-Bruxelas, o que deve demorar ainda mais dois anos.

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Trump não logrou juntar sequer dois tijolos de seu muro para alienar o México. Não conseguiu sepultar a assistência de saúde na forma do Obamacare. Não pode emplacar restrições abrangentes ao ingresso nos EUA de cidadãos de alguns países com população majoritariamente muçulmana.

O episódio da queda de Scaramucci oferece o melhor e mais ilustrativo capítulo até agora do que é a administração Trump —nada mais do que um “junk government“. O conceito aqui remete a duas imagens. Primeira: um paralelo com junk food — algo nutricionalmente incorreto, que não é bom para você, mas que por vezes você quer consumir. Segunda: um reality show moralmente condenável, mas que gera audiência e entretenimento.

O “mini Trump” durou pouco. Se ele representar uma espécie de “eu sou você amanhã” para o “big Trump”, então os EUA caminham para mais uma infeliz semelhança com o Brasil. Não apenas a agenda política fica refém de um ciclo estonteante de escândalos a cada 24 horas, mas crescentemente um país vê-se forçado a abandonar o debate dos grandes temas substantivos para se cogitar qual o melhor caminho —no caso dos EUA o impeachment ou a 25ª emenda— para poder dizer a um presidente: “you’re fired” [você está demitido].

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