Extremistas são xifópagos unidos pela mesma alma autoritária e rancorosa
Para um lado, existem os que viram a luz e os cegos de nascença. Para o outro, há os iluminados e os condenados à perpétua escuridão
Os radicais que não admitem sequer um vestígio de crítica a Jair Bolsonaro — mesmo quando o próprio presidente da República reconhece que errou — estão cada vez mais parecidos com os adoradores de Lula, segundo os quais o ex-presidente presidiário é a alma viva mais pura do Brasil, o estadista escolhido por Deus para salvar o país. Pela estridência, ambas as tribos parecem numerosas. Vistas de perto, fica claro que representam uma parcela ínfima do eleitorado. Tanto os extremistas de direita quanto os fanáticos de esquerda alcançam índices muito distantes da barreira dos dois dígitos.
Os devotos de Lula dividem o mundo em duas partes: nós e eles. Os bolsonaristas delirantes dividem o mundo em duas partes: eles e nós. Nesse universo binário não há matizes. Só existem o preto e o branco, o isto e o aquilo, o sim e o não. Para um lado, existem os que viram a luz e os cegos de nascença. Para o outro, há os iluminados e os condenados à perpétua escuridão.
A contemplação dessas duas espécies avisa que, caso se juntassem num mesmo botequim, seus integrantes não demorariam a descobrir que nasceram uns para os outros. Extremistas são xifópagos unidos pela mesma alma autoritária, rancorosa e intolerante.