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Celso Arnaldo: a histórica apresentação do PAC da Omelete no Mais Você provou que qualquer uma pode virar presidente

Por Celso Arnaldo Araújo A presidente Dilma Rousseff é uma mulher extraordinária ─ quando nada, por ser a primeira a chegar à Presidência da República. Mas, estimulada por seus marqueteiros, costuma celebrar essa primazia alimentando publicamente o desejo fantasioso de ser vista como uma mulher comum, como se dissesse: “Se eu cheguei lá, qualquer uma […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h40 - Publicado em 2 mar 2011, 00h10

Por Celso Arnaldo Araújo

A presidente Dilma Rousseff é uma mulher extraordinária ─ quando nada, por ser a primeira a chegar à Presidência da República. Mas, estimulada por seus marqueteiros, costuma celebrar essa primazia alimentando publicamente o desejo fantasioso de ser vista como uma mulher comum, como se dissesse: “Se eu cheguei lá, qualquer uma pode chegar”.

Eleita presidente, e passada a fase inicial da muda, entrevistas a programas de grande audiência fazem parte dessa estratégia meio feminista, meio oportunista ─ e Hebe vem aí. Está dando certo. Depois do Mais Você de hoje, muitas espectadoras de Ana Maria Braga, sobretudo as das emergentes classes C e D que ainda não tinham ouvido a presidente falar, devem estar pensando em voz alta e até comentando com a vizinha: “Se ela pode, eu também posso”.

Sim, antes de cometer “o” omelete, a presidente Dilma, sem esforço algum, com uma espantosa naturalidade, respondeu a virtualmente todas as perguntas da apresentadora como se fosse uma mulher sem instrução ou um mínimo de traquejo fingindo ser presidente da República. João Santana deve estar orgulhoso dessa performance.

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Exemplos? Logo no começo do vídeo: Ana Maria Braga observa que o governo Dilma está completando dois meses e pergunta a ela se sentiu o tempo passar:

“Sinceramente, não. Não, é, é, parece que começou ontem. Passa rápido. Sabe pur que que passa rápido? Purque cê trabalha, é, é, tem momento que ocê trabalha, entra muito cedo e sai muito tarde”.

Qual é a média de horas de trabalho da senhora?

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“Não menos de 12. Nove e nove. Se começá às 10 vai mais tarde.

Até na carga horária a presidente quer se parecer com pelo menos 20 milhões de mulheres brasileiras que entram cedo e saem tarde ─ e que ainda têm uma casa e uma família para cuidar, o que não é seu caso. A diferença talvez seja a hora de pegar no trabalho. Começar o dia às 10 não é para qualquer uma ─ apenas para presidentes que só têm de entregar cinco mil creches e dois milhões de casas em quatro anos.

Foi uma entrevista “Mais Você”: cheia de momentos mágicos, históricos ─ como a cerimônia de passagem da faixa para a primeira mulher presidente, a que Dilma assiste novamente ao lado da apresentadora. Como foi, presidenta? Ela guardará essa lembrança para sempre ─ mas imaginem a desolação de seu biógrafo, daqui a uns 10 ou 15 anos, escutando a descrição feita a Ana Maria Braga, exatos dois meses depois do ato:

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“Olha, é, é, é uma turbulência na hora, viu? Purque é uma, um momento muito especial purque cê tem sobre si todo o peso e a responsabilidade, é, por baixo daquela faixa tão levinha de seda, ocê tem a responsabilidade de dirigi um país. Aí eu pensei assim: chegou a hora, agora é a minha vez, porque tava o presidente Lula passano pra mim, né?”.

Além de ser a primeira mulher presidente, é a primeira a descobrir que a transmissão da faixa presidencial não é um momento comum e que, assim que a recebe de seu antecessor, um presidente passa a ter a responsabilidade de dirigir um país.

Momento emocionante a despedida de Lula, não presidenta?

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“Assim eu tava muito comovida, purque ele tava ino embora, essa duplicidade. Eu tava chegano, mas ele tava saino e tamém eu fiquei triste por ele tá saino. Então tinha esses dois sentimentos ali”.

Uma beleza a Teoria Sentimental do Estado da presidente Dilma. Por ela, ficavam os dois na Presidência.

Mas, se o Mais Você com Dilma teve algum mérito, foi o de trazer, no final deste vídeo, a explicação definitiva sobre o esquisitíssimo “presidenta” com que a presidente encasquestou.

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Vivos fossem, nem Houaiss nem Aurélio, diante dos demais 38 acadêmicos, Sarney incluído, teriam a capacidade de formular uma justificativa de gênero tão bem construída. Por que presidenta, presidenta?

“Prá enfatizá o fato de que era, eu sou a primeira mulher a sê presidente do Brasil. Eu não estou cometeno nenhuma barbaridade ao querer ser presidenta do ponto de vista da gramática. Mas, do ponto de vista do significado pras mulheres, o que eu quero enfatizá é o a – que é aquele que é o signo do feminino. Então é presidenta. E não é errado. Entre presidente e presidenta, eu acho que a primeira mulher tem a obrigação de ser presidenta, porque é uma obrigação com as mulheres deste país”.

Muito claro, mas vale a pergunta — qual é o signo da omelete? Porque “o” omelete de Dilma não mereceu a deferência de um “a”?

https://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf

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