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Por Coluna
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Brexiting

Alto lá! Quem se despede e não vai embora somos nós, brasileiros

Por Roberto Pompeu de Toledo
Atualizado em 30 jul 2020, 19h49 - Publicado em 12 abr 2019, 07h18

Roberto Pompeu de Toledo (publicado na edição impressa de VEJA)

Inspirada no vai não vai do Brexit, uma nova palavra surgiu no inglês: “brexiting”. O significado é assim descrito no site Urban Dictionary (vai no original para maior credibilidade): “Saying goodbye to everyone at a party and then proceeding to stick around” (“Despedir-se de todo mundo numa festa e continuar por lá”). O mesmo dicionário dá um exemplo de emprego do novo termo:

 What’s up with Boris, I thought he was leaving. (Que que há com Boris, pensei que ele estivesse indo embora.)

 Apparently, he’s brexiting. (Aparentemente, ele está brexitando.)

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Alto lá! Quem se despede e não vai embora somos nós, brasileiros. O embaixador Marcos de Azambuja, num artigo em que desfia memórias do começo de sua carreira diplomática, contou um episódio no qual podemos ancorar nossos direitos sobre o que agora os ingleses nos querem tomar. O caso se passa em Nova York, no início dos anos 1960, antes do golpe que hoje sabemos não ter havido. Azambuja, aos 25 anos, servia em nossa missão junto à ONU, então alojada num prédio da Park Avenue dotado de modernidades como elevadores que subiam e desciam alternadamente, para mais rápido atendimento dos usuários.

Brexiting é conosco mesmo. Brexitamos quando nos despedimos e não saímos da festa, mas também quando nos despedimos do Carnaval e o Carnaval continua. O presidente brexita quando já se despediu da campanha eleitoral mas não a deixa.

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Já que falamos nele…

1. Intrigante é a insistência de Bolsonaro nas metáforas de casamento, namoro, noivado. A primeira vez que chamou atenção ao empregá-las foi quando revelou, na campanha, que conversava com o economista Paulo Guedes. “Estamos na fase de namoro”, afirmou. Numa entrevista à GloboNews, declarou-se “apaixonado” por um dos entrevistadores, Fernando Gabeira, que, com argumentação moderada, procurava pontes de entendimento. Mandou-­lhe um “abraço hétero”. Na viagem a Israel, ao justificar que seu governo só levava um escritório a Jerusalém, não a embaixada, disse que estava na fase de namoro, à qual se sucederiam o noivado e o casamento. Na mesma viagem, falando sobre a ditadura (um período do qual já nos despedimos, mas que não vai embora de nossa cabeça), afirmou que “não foi uma maravilha, regime nenhum é”, e acrescentou: “Qual casamento é uma maravilha?”. Chegamos ao ápice. Foi casamento, aquilo? De quem com quem?

2. Bolsonaro é um provocador profissional. Fez sua carreira provocando e em boa medida foi eleito pelas provocações. Provoca quando afirma que não houve ditadura e que o nazismo foi de esquerda. Quem morde a isca ajuda a aplainar o campo de tensão em que ele prefere jogar seu jogo. A questão é: vai ser assim por quatro anos? Para governar com a abertura e a elevação recomendadas no manual do bom presidente, espera-o desafio maior ainda do que o imposto aos ingleses pelo Brexit: ir embora de si mesmo.

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